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Uso de combustível fóssil impulsiona de forma esmagadora o aquecimento global

Informação é do relatório do IPCC divulgado nesta segunda-feira (20)

(Arquivo - Agência Brasil)
(Arquivo - Agência Brasil)

Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), das Nações Unidas, órgão de ciência climática com a maior autoridade no mundo, divulgado nesta segunda-feira (20), aponta que o ritmo e a escala das medidas tomadas até agora, assim como os planos atuais, são insuficientes para lidar com as mudanças no clima.

O documento alerta que são necessárias medidas mais ambiciosas e mostra que, “se agirmos agora, ainda é possível garantir um futuro sustentável e habitável para todos”.

O IPCC foi criado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (ONU Meio Ambiente) e pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) em 1988. A proposta é fornecer avaliações científicas regulares sobre a mudança do clima, suas implicações e possíveis riscos futuros, além de propor opções de adaptação e mitigação. O painel tem 195 países membros, entre eles o Brasil.

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“Em 2018, o IPCC destacou a escala sem precedentes do desafio de limitar o aquecimento a 1,5 °C. Cinco anos depois, o desafio é ainda maior devido ao aumento constante das emissões de gases de efeito estufa”, aponta o relatório. Para se chegar a esse índice de 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, é necessário reduzir pela metade as emissões globais até 2030.

O uso de combustível fóssil está impulsionando de forma esmagadora o aquecimento global apomta o relatório. Em 2019, cerca de 79% das emissões globais de GEE vieram da energia, indústria, transporte e edifícios, e 22% vieram da agricultura, silvicultura e outros usos da terra. As reduções de emissões de CO2 a partir de medidas de eficiência são anuladas pelo aumento das emissões em vários setores.

“A queima de combustíveis fósseis e o uso desigual e insustentável de energia e terra por mais de um século causaram um aquecimento global de 1,1°C acima dos níveis pré-industriais. Como resultado, eventos climáticos extremos ocorreram mais frequentes e intensos que têm gerado impactos cada vez mais perigosos para a natureza e as pessoas em todas as regiões do mundo”, aponta o documento.

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Aditi Mukherji, uma das autoras do relatório de síntese, diretora do Instituto Internacional de Gestão da Água (IWMI, pela sigla em inglês), aponta que a justiça climática é crucial, pois aqueles que menos contribuíram para a mudança climática são afetados desproporcionalmente. Ao todo, 93 pessoas contribuíram com o documento.

“Quase metade da população mundial vive em regiões altamente vulneráveis ​​às mudanças climáticas. Na última década, o número de mortes em decorrência de inundações, secas e tempestades foi 15 vezes maior em regiões altamente vulneráveis”, disse, em nota, Mukherji sobre o relatório.

Para alcançar as metas de contenção das mudanças climáticas, o IPCC propõe ações que visam reduzir ou evitar a emissão de gases efeito estufa, como o acesso à energia e a tecnologias limpas, eletrificação de baixo carbono e estímulo ao transporte público. “Os benefícios econômicos para a saúde humana derivada apenas da melhoria da qualidade do ar seria aproximadamente a mesma, ou talvez até maior, do que os custos de reduzir ou evitar emissões”.

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De acordo com Maria Mendiluce, presidente da We Mean Business Coalition, o caminho para economias e comunidades mais seguras e saudáveis é claro: “para evitar os piores impactos da mudança climática e limitar o aumento da temperatura global a 1,5C, devemos substituir todos os combustíveis fósseis por um sistema energético estável e limpo”.

Madeleine Diouf Sarr, presidente do Grupo dos Países Menos Desenvolvidos (PMD) elucida: “Nós sabemos as soluções. Renováveis, armazenamento, eletrificação, elas já estão ganhando lugar em muitas partes do mundo. Mas não é o suficiente. Precisamos avançar mais rapidamente, com os países ricos liderando o caminho. É decepcionante que o crescimento das finanças climáticas tenha desacelerado desde 2018, quando deveria ter acelerado”.

Segundo ela, as maiores brechas estão no mundo em desenvolvimento, mas também é ali que estão as maiores oportunidades. “Devemos mudar estes fluxos e aumentar o acesso ao financiamento para avançar nossa prosperidade coletiva e alcançar o zero líquido”.

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A presidente do PMD destaca ainda que, desde a última rodada de relatórios do IPCC, a ciência tem progredido e podemos ver que os riscos que enfrentamos – seca, subida dos mares, enchentes – estão acontecendo mesmo em níveis mais baixos de aquecimento do que o previsto. “Devemos reduzir nossas emissões pela metade nesta década e limitar o aquecimento a 1,5°C. Devemos dobrar a curva de emissões para baixo, as emissões globais precisam atingir seu pico antes de 2025”, alerta.

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