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Produtores de cana buscam alternativas para manter produtividade na próxima safra

Com números favoráveis, eles apostam em produtos para aumentar a resistência do canavial e, assim, superar os desafios da matocompetição

Produtores de cana buscam alternativas para manter produtividade na próxima safra

A produtividade dos canaviais na região Centro-Sul do Brasil na safra 2022/23 vem registrando uma tendência de alta em relação à safra anterior.

Comparando o período de abril a novembro deste ano, houve um crescimento médio de 7,5% em TCH (toneladas de cana por hectare) em relação ao mesmo período da safra 2021/22, passando de 68 ton/ha para 73 ton/há, segundo dados divulgados pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC).

Ainda segundo o CTC, em novembro, a média da produtividade dos canaviais na região Centro-Sul saltou de 122,9 toneladas de cana por hectare para 133,6 ton/ha, 8,7% a mais do que no mesmo mês da safra 2021/22.

Para assegurar essa tendência de alta, os produtores precisam superar diversos desafios, entre os quais o manejo de doenças, pragas e plantas daninhas que competem por água, luz, nutrientes e espaço, impactando na qualidade do produto final e ainda dificultam as operações na cultura principal.

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A matocompetição, dependendo das espécies invasoras e da intensidade da incidência, pode representar uma perda de até 85% em produtividade. O manejo tardio das invasoras onera o custo de produção para o produtor e ainda assim, representará redução no volume e qualidade da colheita, colocando em forte risco a rentabilidade do cultivo.

Uma das alternativas para reverter essa situação tem sido a utilização dos herbicidas seletivos. “A utilização de herbicidas pré-emergentes para o controle precoce das ervas daninhas se destaca entre as estratégias mais eficientes adotadas pelos agricultores. Além de eliminar os principais detratores de produtividade antes mesmo de emergirem nas lavouras, essa tecnologia de manejo ajuda na manutenção das áreas de cultivo, reduzindo o banco de sementes de daninhas e minimizando as perdas e os custos do controle tardio dentro do ciclo”, afirma Thiago Duarte, engenheiro agrônomo, gerente Regional da IHARA, empresa de pesquisa e desenvolvimento de defensivos agrícolas.

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Thiago Duarte, engenheiro agrônomo, gerente Regional da IHARA

Ele cita o herbicida Yamato que traz, como diferencial, a alta seletividade para o manejo da matocompetição nas lavouras de cana. “Essa tecnologia já estava presente, em associação, em dois dos nossos produtos voltados ao segmento: o Falcon e o Ritmo. Agora ele passa a ser disponibilizado também em formulação isolada, permitindo que os produtores possam fazer várias associações para todos os tipos de controle, e em todas as épocas do ano”, explica.

Segundo o gerente, por causa dessa altíssima seletividade, outra característica que faz do Yamato um grande trunfo é a ausência de “carryover”. Isso significa que o uso do produto não requer período de carência posterior da área, mantendo-a apta a receber outro plantio logo em sequência à aplicação.

“É um grande coringa, que deixa o portfólio IHARA 100% completo para o manejo pré-emergente nesta cultura, sem nenhuma lacuna. Um cardápio de soluções totalmente completo e muito robusto”, completa.

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A nova tecnologia foi apresentada em Campinas no último mês. Na ocasião, Duarte destacou ainda a importância da cadeia produtiva da cana para a economia brasileira. “Muitas vezes, no entanto, a incidência de pragas e doenças limita o potencial produtivo das lavouras, que poderiam alcançar resultados muito mais expressivos com o manejo defensivo apropriado”, disse.

O evento contou com a participação de pesquisadores do setor, como Carlos Azânia, do Instituto Agronômico (IAC), que deu o seu parecer sobre a tecnologia e como o produto se comporta no solo e no ambiente. “É uma molécula bastante segura e quando se consegue associar com outros produtos, tem ganhos bastante interessantes”, disse.

Para Marcelo Nicolai, da Agro do Mato, a ferramenta é muito importante para o manejo da cana brotada, cana planta, MPB, carreador, principalmente na transição de época seca para úmida, pois o produto tem seletividade e efeito residual.

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Por ter seletividade, o produto pode ser aplicado em “cima de tudo” disse Pedro Christofoletti, consultor e pesquisador autônomo da PJC.

“Dá inclusive para você aplicar na soja e na sua linha mãe de MPB. Ele pode ser até absorvido pela folha, mas não causará nada na folha, porque a sua ação é nos ácidos graxos de cadeia longa, que são formados a partir do processo de germinação de uma semente”.

Recentemente, a empresa anunciou também um programa gratuito de consultoria e testagem instantânea dos principais indicadores de maturação e qualidade da cana-de-açúcar. O programa Caminhos da Maturação percorrerá propriedades em todo o país, que utilizam o produto RIPER, o maturador sistêmico de alta performance da IHARA, para monitorar, a campo, os principais indicadores de qualidade.

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“Será oferecida consultoria gratuita a campo, e realização de testes capazes de revelar, em questão de instantes, se a cana já se encontra no melhor ponto para a colheita, ou se ainda é viável atuar no aumento desta maturação. Teremos, em tempo real, indicadores como concentração de açúcar, teor de fibras AR (Açúcar Redutoras) e a umidade da cana em cada bloco, o que nos permitirá avaliar quais lotes estão com maior qualidade e devem ser colhidos antes, ou quais podem ainda ser manejados para alcançar melhores resultados”, explica Thiago Duarte.

Duarte explica ainda que, hoje, essa testagem é feita em laboratórios e leva de 3 a 4 dias. “Muitas vezes, o produtor só descobre como estão os níveis de qualidade da cana quando ela entra na indústria, e, assim, acaba perdendo oportunidades de obter maior rendimento”, conclui.

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