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Herdeiro assume conselho da Braskem

Uma nova geração liderada pelos controladores da Odebrecht começou a assumir posições chaves na Braskem, a maior petroquímica da América Latina.

O empresário Marcelo Bahia Odebrecht comandou ontem sua primeira reunião como presidente do conselho de administração da petroquímica, depois de ter seu nome indicado no fim do mês passado.

A posse do herdeiro de Emílio Odebrecht (pai) e Norberto Odebrecht (avô e fundador do grupo) no conselho ocorre um mês depois de Bernardo Gradin, outro acionista da Odebrecht, assumir a presidência executiva da Braskem. Gradin entrou no lugar do executivo José Carlos Grubisich, que passou para a presidência da ETH Bioenergia, a empresa de açúcar e álcool do grupo.

Com as mudanças de cadeiras, a Odebrecht planeja deflagrar a última etapa do seu plano de sucessão. O projeto do grupo, um dos maiores do país, tendo faturado R$ 31 bilhões em 2007, culminará com a ida de Marcelo para a presidência executiva da holding Odebrecht S/A.

“Esse processo deve ser concluído brevemente”, disse o atual presidente executivo do grupo, Pedro Novis, sem precisar data. Mas a expectativa é que Marcelo assuma a nova função até o fim deste ano ou início de 2009, acumulando a presidência do conselho da petroquímica.

“Todos os movimentos da organização de substituição de pessoas e de equipes que se renovam são coisas delicadas, mexem com gente e propiciam oportunidades que não conseguem satisfazer 100%”, disse Novis. “Mas no caso da Odebrecht, essa dinâmica é muito bem entendida e assimilada.”

Marcelo Odebrecht, que completa 40 anos no ano que vem, já ocupa desde o fim de 2001 o cargo de presidente da área de engenharia e construção. Em faturamento, a empresa só perde para a Braskem, que responde por 70% dos negócios do grupo.

A nova geração ficará encarregada de elaborar o que a Odebrecht chama de visão 2020 – um plano para definir as diretrizes sobre onde o grupo deseja chegar no horizonte de dez anos. O grupo concentrou suas atividades na construção e petroquímica no início desta década depois de vender cerca de US$ 1 bilhão em ativos nas áreas de óleo e gás, celulose, energia, concessões, entre outros.

Novis explicou que o grupo arrumou a casa por volta de 2002 e 2003 e voltou a crescer no período de 2004 a 2007. A partir daí, decidiu levar adiante um plano de diversificação.

Além da área de açúcar e álcool, a Odebrecht estendeu sua atuação nos negócios imobiliários e de saneamento ambiental e, de novo, nas áreas de energia e na prestação de serviços em óleo e gás.

A saída de Grubisich da Braskem surpreendeu o setor e analistas de mercado. Quando foi anunciada a troca de comando há um mês, o movimento foi atribuído pela empresa como a conclusão de um ciclo virtuoso de crescimento e o início de uma nova fase, sinalizando ao mercado de capitais a manutenção das diretrizes da companhia.

Depois da integração dos ativos petroquímicos do sul, adquiridos com a compra da Ipiranga, Grubisich decidiu juntar áreas e criar novos cargos, mexendo na estrutura da diretoria executiva. Embora essa mudança tenha provocado insatisfação por parte de algumas pessoas, Grubisich afirma que a estrutura fazia justiça à nova realidade da empresa. Ao assumir, Gradin refez a estrutura. Ontem, os conselheiros da Braskem aprovaram a proposta de Gradin.

Novis explicou que a mudança de cadeiras faz parte do processo de renovação de liderança das empresas do grupo e avalia que Grubisich poderá fazer um bom trabalho na ETH. “O projeto da ETH é ousado”, afirmou. A intenção do grupo não é apenas plantar cana-de-açúcar e produzir açúcar e álcool, mas também capturar sinergias nas áreas de logística e trading, além da compra de ativos.

O próprio Grubisich se diz motivado com o convite surgido na ETH. “Tenho uma visão de longo prazo para a empresa. O que temos pela frente é um grande desafio de consolidação do setor”, disse ele, referindo-se aos planos de investimentos para os próximos anos. Grubisich já começou a montar sua equipe: trouxe Luís Fernando Felli, vice-presidente da Braskem, para cuidar das atividades operacionais da ETH.

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