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Cenários positivos para o agro brasileiro

Pujança econômica do setor sucroenergético foi destacada pelo presidente da ABAG e Canaplan

Cenários positivos para o agro brasileiro

Após ótimo desempenho da produção e exportação de commodities e outros produtos com maior valor agregado na safra passada, entidades do agronegócio brasileiro projetam números ainda melhores para o final do ciclo atual (2022/23) e subsequente (2023/24). Soja, milho, trigo, carne bovina, frango, suínos, açúcar, etanol, algodão e ovos estão entre as culturas que deverão apresentar maior oferta para os mercados interno e externo.

Os desafios e perspectivas dessas cadeias produtivas nas safras 2022/23 e 2023/24 foram abordados em reunião promovida no dia 06 pelo COSAG – Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp, presidido por Jacyr Costa Filho. O encontro teve a participação de presidentes de importantes entidades da agroindústria brasileira, além de apresentação feita pelo futuro coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV Agro).

Foram eles, respectivamente: Ricardo João Santin (ABPA – Associação Brasileira de Proteína Animal); Antonio Jorge Camardelli (ABIEC – Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne); Luiz Carlos Corrêa Carvalho (ABAG – Associação Brasileira do Agronegócio); e Guilherme Soria Bastos Filho, ex-presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que em breve substituirá o ex-ministro Roberto Rodrigues no comando da FGV Agro.

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“Em 2022, mesmo sofrendo uma elevação de 35% no custo de aquisição de insumos agrícolas, em função da guerra na Ucrânia, o agro brasileiro deu uma contribuição superior a US$ 100 bilhões para o superávit na balança comercial”, ressaltou Jacyr Costa Filho, que também é sócio da Consultoria AgroAdvice.

Na safra corrente a produção de grãos deverá atingir 310 milhões de toneladas, com 153 milhões de toneladas de soja (+27 milhões de toneladas), 124 milhões de toneladas de milho (+11 milhões de toneladas), 10,5 milhões de toneladas de trigo (+1 milhão de toneladas) e 4,3 milhões de toneladas de algodão (+600 mil toneladas). A área plantada deverá ser de 78 milhões de hectares, incorporando mais 2,3 milhões de hectares em comparação a 2021/22.

Ao final desta safra o Brasil manterá a performance na exportação de soja e ainda deverá assumir a liderança na comercialização global de milho, ganhando também espaço na exportação de farelo e óleo de soja.

Confira o resumo do desempenho e perspectivas da soja, milho e açúcar e etanol:

Soja – No ciclo 2022/23, a produção baterá recorde, mesmo com forte ocorrência de chuvas no Rio Grande do Sul. A exportação também atingirá marca histórica de 94 milhões de toneladas. No período 2023/24 há potencial para produzir aproximadamente 160 milhões de toneladas do produto.

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Milho – No período 2022/23 haverá elevado excedente exportável de quase 60 milhões de toneladas em ração animal e 14 milhões de toneladas destinadas à fabricação de etanol, com ganhos de até 20% nas margens de lucros do produtor. Em 2023/2024, projetou-se retração na produção da 1ª safra e aumento de até 5% na 2ª safra, com volumes que podem chegar a 140 milhões de toneladas.

Açúcar e etanolLuiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da ABAG e da Canaplan, referiu-se à desaceleração da oferta global de petróleo em 2023 e aos erros na política de preços dos combustíveis em 2022, o que prejudicou a competitividade do etanol no Brasil. Alinhou, ainda, dados de produção do segmento sucroenergético.

Na safra 2022/23, entre abril de 2022 e a primeira quinzena de fevereiro de 2023, a moagem de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil totalizou 542,47 milhões de toneladas, registrando-se um avanço de 3,8% em relação ao mesmo período da temporada 2021/22.

No acumulado, desde o início da safra 2022/23, a fabricação de açúcar pelas usinas totalizou 33,50 milhões de toneladas, alta de 4,5% em comparação com as 32,06 milhões de toneladas entregues no ciclo anterior. Já a produção de etanol cresceu 3,61% face à safra passada, somando 28,09 bilhões de litros.

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Carvalho também salientou que haverá forte crescimento na oferta de etanol de milho e de cana nos próximos dez anos. Dados compilados pela ABAG indicam que até 2032 a produção de etanol de cana se elevará em 2,46% ao ano, com 7 bilhões de litros adicionais. Na produção de etanol de milho projeta-se crescimento de 7,2% ao ano, com a adição de 4 bilhões de litros. Para o etanol de segunda geração (2G) espera-se aumento de 22%.

“É imprescindível o papel do segmento sucroenergético em nossa matriz energética de bases renováveis. O setor vem apresentando enorme capacidade de diversificação em produtos de baixa emissão de carbono, como no caso do biogás. Utilizando somente a vinhaça e a torta de filtro, subprodutos da produção de etanol e açúcar, esta indústria tem condições de suprir até 20% da demanda anual de diesel tipo A no Brasil”, complementou Jacyr Costa.

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Além de comentar números referentes à pujança econômica do setor sucroenergético nacional, Carvalho ainda comentou o papel da agroindústria canavieira na transição energética, citando os benefícios gerados pelo Programa RenovaBio. Hoje referência internacional entre ações voltadas às energias sustentáveis, a iniciativa melhora a eficiência energética das usinas e dos biocombustíveis com a emissão de títulos verdes, os chamados “green bonds“, comercializados na Bolsa B3.

Usinas de última geração que produzem 600 litros de etanol para emitir 1 CBio agregam ao preço do produto 22 centavos por litro. As usinas que ainda precisam investir em tecnologia conseguem alcançar 12 centavos. Além deste ganho financeiro, estamos falando de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEEs) e de desenvolvimento sustentável”, observou o executivo da ABAG.

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