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Vendas externas do açúcar remuneraram, em média, 9,2% a mais que as internas em abril

Para este mês, previsão é incerta, pois aumentam as expectativas da ocorrência do fenômeno climático El Niño

Vendas externas do açúcar remuneraram, em média, 9,2% a mais que as internas em abril

Os preços da saca de açúcar cristal branco subiram no mercado spot de São Paulo, em abril, primeiro mês oficial da safra 2023/24.

De acordo com o Cepea, o impulso veio de chuvas ao longo do mês em regiões paulistas produtoras de cana-de-açúcar, que dificultaram o transporte da cana das lavouras até as unidades de processamento, interromperam a produção e, consequentemente, reduziram a oferta do açúcar cristal branco no spot.

“Assim, a baixa disponibilidade do açúcar branco para pronta-entrega elevou os valores de negociação, mesmo que a demanda não tenha sido aquecida. Alguns compradores optaram por produzir utilizando apenas o adoçante que detinham em estoques”, afirmam os analistas do Centro.

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O Indicador do Açúcar Cristal CEPEA/ESALQ (estado de São Paulo) acumulou alta de 9,38% em abril, fechando a R$ 147,22/saca de 50 kg no dia 28, patamar nominal que era observado em meados de fevereiro/22, período da entressafra 2022/23. A média mensal foi de R$ 141,03/saca de 50 kg em abril/23, alta de 6,84% em relação à de fevereiro/23 (R$ 132,00/sc) e elevação de 0,25% frente à de abril/22 (R$ 140,68/saca de 50 kg), em termos nominais.

Segundo a UNICA (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia), na primeira metade de abril, 105 usinas deram início à safra 2023/24. Ao término da quinzena, estavam em operação 165 unidades no Centro-Sul, sendo 154 unidades com processamento de cana-de-açúcar.

Esta primeira quinzena da safra 2023/24 foi marcada por um ritmo mais avançado da produção em relação ao ciclo anterior. Foram processadas 13,6 milhões de toneladas, contra 5,3 milhões da safra 2022/23, ou seja, expressivo avanço de 157,3%.

A produção de açúcar na primeira quinzena de abril totalizou 541,9 mil toneladas. Essa quantidade, quando comparada àquela registrada na safra 2022/23, de 131,3 mil toneladas, representa aumento de 312,6%.

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Já no Nordeste, o ritmo dos negócios esteve lento, mas os preços subiram, como consequência da oferta restrita, devido ao final da safra na região.

No encerramento de abril, os preços do açúcar avançaram com certa força, impulsionados pela baixa oferta e também pelos preços elevados no mercado internacional e no Centro-Sul do Brasil.

Em abril/23, o Indicador mensal do açúcar cristal CEPEA/ESALQ para Pernambuco foi de R$ 152,83/sc de 50 kg, alta de 5,21% frente ao de março/23, mas baixa de 0,85% em relação ao de abril/22, em termos nominais.

Em Alagoas, o Indicador mensal foi de R$ 148,86/sc, elevação de 5,51% no mês, mas queda de 2,58% no ano. Na Paraíba, o Indicador mensal do cristal CEPEA/ESALQ foi de R$ 143,47/sc, avanço de 4,08% em relação a março, mas recuo de 6,01% frente a abril/2022.

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Segundo a última estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a região Norte-Nordeste, a produção de açúcar para a safra 2023/24 está estimada em 3,62 milhões de toneladas, crescimento de 3,3% sobre a de 2022/23.

Alagoas está como o maior estado produtor da região, com 1,77 milhão de toneladas, seguido de Pernambuco, com um milhão de toneladas, incremento de 2,2% em relação à safra anterior, e o Rio Grande do Norte, com produção de 229,5 mil toneladas, avanço de 10,9%.

No mercado internacional, o preço do açúcar demerara subiu com força em abril na Bolsa de Nova York (ICE Futures). O vencimento Maio/23 iniciou abril na casa dos 22 centavos de dólar por libra-peso e encerrou o mês na casa dos 26 centavos de dólar por libra-peso.

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As projeções de menor produção de açúcar na Índia, Tailândia, China e União Europeia e o atraso na colheita da cana-de-açúcar no Brasil, devido às chuvas, já vinham impulsionando as cotações externas do açúcar. Agora, as expectativas da ocorrência do fenômeno climático El Niño aumentaram as incertezas quanto à produção do adoçante no mundo.

Existe uma forte probabilidade de que o fenômeno El Niño se desenvolva de maio a julho deste ano. Se isso acontecer, poderá provocar diversos efeitos climáticos em todo o mundo. No Brasil, pode causar um inverno mais úmido, o que dificultaria a colheita da cana e reduziria a qualidade da sacarose. Por outro lado, na Índia, pode levar a um clima mais seco, com redução na quantidade de chuvas de monção.

Cálculos do Cepea indicam que, em abril/23, as vendas externas do açúcar remuneraram, em média, 9,2% a mais que as internas. Esse cálculo considera o valor médio do Indicador CEPEA/ESALQ e o vencimento Maio/23 do Contrato nº 11 da Bolsa de Nova York (ICE Futures), prêmio de qualidade estimado em US$ 86,14/tonelada e custos com elevação e frete de US$ 58,36/tonelada.

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