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Para Pecege atraso no plantio reduz projeção da safra 2024/25

Na avaliação da consultoria a moagem deve ficar na casa de 597,9 milhões de toneladas

Para Pecege atraso no plantio reduz projeção da safra 2024/25

A temporada de 2023/24 foi marcada por uma convergência de fatores favoráveis que impulsionaram a produção agrícola no setor canavieiro. Durante o evento Expedição Custos Cana, realizado em Piracicaba – SP, no dia 29 de fevereiro, João Rosa, conhecido como Botão, consultor do Pecege, descreveu-a como a “safra da tempestade perfeita”.

Ele destacou a combinação de preços favoráveis, aumento na produção e redução de custos como elementos-chave desse período.

Com um incremento médio de 20% na produção de cana ou ATR (Açúcar Total Recuperável), a safra anterior testemunhou resultados impressionantes.

Esse crescimento substancial foi atribuído principalmente às condições climáticas favoráveis, especialmente as chuvas, e à alta taxa de reforma dos canaviais em 2022. “Então já era um pouco esperado que em 2023 tivesse uma reação da produtividade”, explicou Botão.

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Os números revelados pelo Pecege confirmam o desempenho excepcional da safra 2023/24, com uma moagem de 652.641 milhões de toneladas de cana, um aumento de 18,98% em relação ao ano anterior. A produção de açúcar e etanol também registrou aumentos significativos, demonstrando a robustez do setor. A produção de açúcar fechou com 42,40 milhões de toneladas, um aumento de 25,70%, já a de etanol fechou em 27,16 bilhões de litros, 10,91% a mais que a anterior.

No entanto, as projeções para a safra 2024/25 não são tão otimistas. Embora se espere que os números permaneçam elevados, a consultoria antecipa uma queda na produtividade. Haroldo Torres, economista do Pecege, prevê que a moagem atingirá 597,9 milhões de toneladas, uma redução de 7,9% em comparação com a safra anterior.

Segundo ele, a produtividade dos canaviais deve cair 8,1% na comparação anual, para 80,38 toneladas de cana por hectare. A redução é motivada especialmente pela entressafra com chuvas irregulares e abaixo da média, aumento da quantidade colhida no terço final da temporada e incremento da idade média do canavial, aponta o Pecege. Já a concentração de açúcar total recuperável (ATR) deve aumentar brevemente, para 140,91 quilos por tonelada (+1,1%).

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Essa diminuição na produtividade é atribuída a uma série de fatores, incluindo a entressafra com chuvas irregulares e abaixo da média, um aumento na colheita no terço final da temporada e o envelhecimento médio do canavial. Apesar disso, espera-se um leve aumento na concentração de ATR, para 140,91 quilos por tonelada.

Torres destacou a importância da idade média dos canaviais no desempenho da safra. Ele observou que, embora as condições climáticas tenham sido favoráveis, o aumento da participação da cana planta na colheita também desempenhou um papel significativo.

Custos menores de produção para as safras 2023/24 e 2024/25

De acordo com os dados apresentados no evento, o custo caixa agrícola em R$/ton da safra 2023/24, ou seja, o que foi efetivamente desembolsado, apresentou queda de 15% quando comparado ao ciclo anterior.

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Haroldo Torres

Dentre os principais motivos que contribuíram com esse cenário mais positivo está o aumento de 16% na produtividade agrícola, em função do volume de chuvas acima da média em algumas regiões durante o período de entressafra da 2022/23 e início da safra 2023/24. A redução nos preços internacionais de diversos insumos, em especial fertilizantes, em decorrência da estabilização da oferta em 2023, após o conflito entre Rússia e Ucrânia, também ajudou neste contexto.

Entretanto, mesmo com a redução no custo caixa agrícola, alguns dispêndios apresentaram movimento de alta. A recomposição salarial em função da defasagem inflacionária e a dificuldade de contratação em algumas categorias pressionaram os custos com mão de obra. Ademais, a valorização no preço do ATR (Consecana SP) refletindo o comportamento das cotações internacionais do açúcar pressionou o custo com arrendamento.

De acordo com André Camarotti e Leonardo Ceregato, analistas de Custos do PECEGE, em momento de formação do canavial, o custo por hectare deve manter um patamar similar ao da safra 2022/23, com um aumento de 1%, passando de 16.742,00 R$/ha para 16.923,00 R$/ha da safra 2022/23 para 2023/24 respectivamente.

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De forma geral, para a safra 2024/25 espera-se a continuidade do movimento de retração nos preços dos insumos agrícolas. Porém, a redução da produtividade para números mais próximos aos patamares históricos, e a perspectiva de queda no preço de fechamento da matéria-prima contribuem para a atual projeção de 14% de alta no custo caixa agrícola em R$/ton para o próximo ciclo.

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