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Região canavieira busca opções para reduzir a dependência da RB 867515

A RB867515, mesmo sendo uma variedade antiga, se mantém como a mais cultivada no Brasil

Região canavieira busca opções para reduzir a dependência da RB 867515

O setor bioenergético da região que abrange o Espírito Santo, Nordeste de Minas, Sul da Bahia e Rio de Janeiro, busca a diversificação de variedades e o uso de novas tecnologias para o aumento da produtividade.

A necessidade de diminuir o plantio da variedade RB867515 tem mobilizado usinas, produtores e pesquisadores.

O índice de plantio da RB867514 está em 63% nesse pólo canavieiro, com exceção do Rio de Janeiro, que tem percentual ainda mais elevado.

A preocupação é realizar a substituição com qualidade, utilizando variedades que tenham o mesmo potencial da RB867515 – afirma Josil de Barros Carneiro Júnior, que é coordenador técnico do programa de melhoramento genético de cana-de-açúcarPMGCA/Ridesa, da UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro).

As novas variedades devem ter condições de suportar o déficit hídrico da região, que é muito seca e tem uma baixa precipitação média anual.

Alguns materiais já começam a apresentar perspectivas promissoras, como as variedades RB108519 e RB108544, além dos clones RB128519 e RB127825.

“Todas essas variedades possuem boa tolerância ao déficit hídrico. Elas sentem a falta de umidade. Mas, têm um bom comportamento de superação. Quando chove, se recuperam. Aproveitam a umidade. Crescem de maneira rápida”, comenta Josil de Barros.

Segundo ele, o plantio dessas variedades, que são muito novas, está entre 1% a 2%. No total, ocupam em torno de 5% da área de aproximadamente 8 milhões de hectares dos canaviais pertencentes às unidades dessa região que têm convênio com a Ridesa (Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroenergético).

A busca pela diversificação de materiais, que faz parte dos esforços dos setores de pesquisa e produção da região, foi inclusive um dos principais assuntos abordados no XX Encontro Técnico da ERES da UFRRJ (Estação Experimental Regional do Espírito Santo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro), realizado em outubro de 2022 em Conceição da Barra – ES.

Outros materiais – No evento realizado no Espírito Santo, foram também apresentados variedades e clones potenciais desenvolvidos pelo PMGCA/UFV, que já estão sendo multiplicados no Nordeste de Minas Gerais, Espírito Santo e Sul da Bahia, a partir do intercâmbio que ocorre entre as universidades.

Entre as variedades liberadas pelo programa da Universidade Federal de Viçosa, as RB987935, RB988082 e RB937570 e os clones RB127825, RB097217, RB977526, têm apresentado bom desempenho. Como a Ridesa trabalha com a integração de universidades, outros clones e variedades foram disponibilizados e estão apresentando também resultados satisfatórios, como: RB975242, RB975053, RB975201, RB97818, RB005014, R041443, RB036152.

A substituição da RB867515 tem que ocorrer, no entanto, com segurança. Além de considerar os resultados experimentais, é preciso conhecer melhor o comportamento das novas variedades na área comercial para consolidar a substituição. Dessa forma, é possível evitar falhas no manejo que ocasionam o mau aproveitamento de uma variedade comercial com potencial.

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