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Com novas variedades, renovação do canavial e irrigação Região Norte e Nordeste espera safra de recuperação

Havendo regularidade das chuvas a expectativa dos produtores é que a safra 2022/23 apresente um crescimento em relação a que está se encerrando

Com novas variedades, renovação do canavial e irrigação Região Norte e Nordeste espera safra de recuperação

Mesmo ainda sem uma definição em relação ao mix da safra 2022/23, a expectativa dos produtores do setor bioenergético da Região Norte e Nordeste é que ela se converta em uma safra de recuperação com indicadores um pouco superiores à temporada  que está chegando ao fim.

Segundo dados da Associação de Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio), até o último dia 28 de fevereiro a região, já processou 51.608.000 toneladas de cana, devendo encerrar a safra 2021/22 com 53 milhões de toneladas.

Fatores como a chegada de novas variedades de cana, a renovação do canavial, investimentos em irrigação e modernização das plantas industriais, aliada a expectativa que haja uma regularidade nas condições pluviométricas, contribuem para uma perspectiva de crescimento da próxima safra.

O assunto foi a pauta da Quarta Estratégica, do último dia 9, promovida pelo JornalCana que teve como tema: MERCADO BIOENERGÉTICO – Perspectivas para a Safra 22/23 na Região Norte/Nordeste.

O webinar contou com participação de Luiz Carlos Queiroga Cavalcanti, presidente do SINDAÇÚCAR Bahia e presidente do Grupo São Luiz, Pedro Robério Nogueira, presidente do SINDAÇÚCAR Alagoas e Renato Cunha, presidente do SINDAÇÚCAR Pernambuco e da NovaBio.

Sob a condução do jornalista e diretor do ProCana, Josias Messias, o webinar contou com o patrocínio das empresas AxiAgro e S-PAA.

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Luiz Carlos Queiroga Cavalcanti

Para Luiz Carlos Queiroga Cavalcanti, presidente do SINDAÇÚCAR Bahia, os indicadores da safra 2022/23 em seu estado tendem a manter uma estabilidade em relação à safra anterior. “A próxima safra deve se manter nos mesmos níveis de produção, devido aos déficits pluviométricos do ano passado, que limitou as expansões que se esperava.

Segundo ele, o mercado, apesar de ser um ano de eleições, onde normalmente há uma elevação de consumo, deve também se manter, devido à elevação dos preços dos combustíveis em consequência da Guerra Rússia/Ucrânia.

Queiroga avalia que “os custos de produção que já vinham sendo elevados desde a safra passada, certamente terão mais um forte aumento nesta safra, causados também por esta guerra. Resta saber qual será a intervenção que o governo pretende fazer no setor de combustíveis”.

Pedro Robério Nogueira, presidente do SINDAÇÚCAR Alagoas, informou que as usinas no seu estado, devem encerrar a safra 2021/22, com uma moagem de 18 milhões de toneladas, contra 17 milhões da safra passada. Ele também destacou o melhor rendimento alcançado nesta safra. “Apresentamos um rendimento de 65 toneladas por hectare, o melhor rendimento desde a safra 2014/15. Apesar de ainda ser um rendimento baixo para os padrões da região, mostra sobretudo uma recuperação”, afirmou. 

Nogueira destacou também a produção do etanol voltada para o mercado interno, não só em Alagoas, mas uma tendência em toda a região do Nordeste. “Nós saímos na safra passada de 94% do mercado interno dentro do etanol para 98.5% nesta safra”.

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Pedro Robério Nogueira

Nogueira atribui essa melhora nos indicadores, em função dos novos projetos estruturantes que estão sendo implantados na região como: utilização de métodos modernos de plantio, a exemplo de meiose, canteirização, sementeiras e plantio mecanizado, monitoramento via satélite, utilização de GPS, lançamento anual de novas variedades e aumento gradativo das áreas de irrigação com a utilização de sistemas de pivô e gotejo.  Ele também destacou a aceleração dos estudos e projetos para a produção de biogás a partir de resíduos sólidos do processo de transformação.

“Nós temos previsão de lançamento de novas variedades agora em junho e estamos assim meio que obcecados a enfrentar a irrigação plena com intensidade. A gente dorme e acorda pensando em irrigação. Ela começou a ser feita e com essa melhoria de preços de produtividade, já começa a dar resultado”, destacou.

“Com esse quadro, se mantendo a previsão de regularidade climática, esse programa de plantio sustentável com níveis remuneradores atuais eu diria que a próxima safra tem todos os ingredientes e todos os fundamentos para ser um pouco maior do que essa que estamos concluindo”, finaliza Nogueira.

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Renato Cunha

Renato Cunha, presidente do SINDAÇÚCAR Pernambuco e da NovaBio, falou sobre a queda de rendimentos do ciclo atual. “O fato é que essa safra na nossa região principalmente na região Nordeste a gente tem que ter coragem de falar, no sentido dos rendimentos que não foram bastante positivos. O nível de ATR caiu bastante. De fato, a gente moe mais peso de cana, mas não tem açúcar nessa cana é o que todo mundo reclama.  Em Pernambuco, por exemplo, já atingimos 12 milhões de toneladas, mas o nível de produto final é um nível menor”, lembrando que a safra atual foi muito voltada para o etanol.

Com relação ao Mix da próxima safra, Cunha disse que ainda é possível se ter uma definição. “Se a gente tivesse uma bola de cristal e pudesse antecipar essa decisão seria o ideal, mas é um ano de transição né com essa questão da guerra, o aumento dos custos, a questão do complexo de energia influenciando todas as matrizes, não só na área energética como também nas commodities”. Mas apesar disso, ele também acredita num crescimento. “Entendo que a gente tem condições de crescer de 3% a 5%. É muito cedo para fazer uma previsão porque a gente ainda está com a safra em curso e a outra só vai começar em Julho/Agosto e tem todo o inverno ainda a ocorrer. Mas eu diria que há uma perspectiva de crescimento, principalmente se as chuvas no inverno forem regulares”, finaliza Cunha.

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