Mercado

Votação de projeto da cana é adiada

Em meio a uma grande agitação de manifestantes, a Câmara de Dourados deixou de votar na noite de anteontem o projeto substitutivo – dando mais prazo para a mecanização de lavouras – àquele que proíbe a queimada de canaviais no município. O vereador Eduardo Marcondes (PMDB), que presidia a sessão e é pediatra, alegou que precisava se ausentar do plenário para atender a uma emergência médica.

Como ele é o autor da proposta dando quatro anos para o final da queima da cana, a pauta não pôde continuar sendo cumprida com a sua ausência. Com isso, o projeto ficou para ser votado na próxima terça-feira. Se for aprovado, o outro do vereador Elias Ishy (PT) fica automaticamente arquivado.

A sessão começou em clima de grande expectativa. Mais de 350 pessoas, entre sindicalistas, militantes partidários, professores e universitários ocuparam a maioria das cadeiras, portando faixas condenando as queimadas e muitos usaram máscaras contra fumaça numa referência à futura poluição do ar.

Como contraponto aos ambientalistas, comparaceram alguns produtores rurais, como o presidente do Sindicato Rural, Gino Ferreira e Antônio Tonanni, pioneiro na produção de muda de cana na região. Um grupo de índios chefiados pelo cacique Renato de Souza abriu duas faixas com frases dizendo que queriam continuar trabalhando, referindo-se ao plantio e ao corte da cana nas usinas.

O aparato policial, com cerca de 20 PMs e guardas municipais, acabou inibindo qualquer tipo de incidente. Mas as vaias e os gritos foram intensos, interrompendo a sessão, principalmente quando Marcondes subiu à tribuna para defender o seu projeto.

Pela sua proposta, as usinas instaladas em Dourados terão prazo de quatro anos para acabar com as queimadas e o corte manual dos canaviais, numa proporção de 25% da área plantada por ano. Já o projeto de Ishy prevê a proibição imediata da queima. A medida afetaria diretamente a Dourados – Açúcar e Álcool que pretende entrar em operação no próximo ano.

Segundo o diretor do Instituto de Meio Ambiente de Dourados (Imad), Vito Comar, a área agricultável no município seria de 409 mil hectares. “Se forem instaladas as cinco usinas anunciadas, elas ocuparão 150 mil hectares (30 mil cada uma). Dourados vai ser só fumaça”, argumentou, citando ainda que no entorno do município outras indústrias plantarão mais 200 mil hectares.

Banner Revistas Mobile