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Vinhaça fornece potássio e provoca dor de cabeça

Os co-produtos agregam valor, mas podem provocar algum tipo de dor de cabeça. Ninguém discute, por exemplo, os benefícios proporcionados pela vinhaça, por meio da fertirrigação, para o desenvolvimento da planta devido a sua oferta de nutrientes, principalmente o potássio. O inconveniente, nesse caso, são os excessos, que começam pelo grande volume de vinhaça gerada pela produção de etanol e tornam esse co-produto ambientalmente incorreto quando a quantidade de potássio distribuída nas mesmas áreas, via fertirrigação, ocasiona a saturação. Outro problema são os custos de transporte, que também podem ser considerados excessivos, no caso da vinhaça ser destinada para lugares mais distantes.

Na opinião do engenheiro químico Paulo Barci, diretor de engenharia das empresas BS e JW, a solução para a questão da destinação da vinhaça passa pela redução do seu volume. Para isto, é necessário elevar o teor alcoólico durante a fermentação. Segundo ele, na produção de milho, nos Estados Unidos, as unidades industriais adotam um sistema que fermenta a 15 ou 16º GL. “O que impede que isto ocorra para o caldo de cana?” – questiona. Ele observa, porém, que haverá a necessidade de desenvolvimento de levedura que se adapte a um grau alcoólico maior. Paulo Barci defende a criação de um centro de pesquisa direcionado para a solução das questões que envolvem a vinhaça.

Com a elevação do teor alcoólico na fermentação, ele observa que tudo ficará mais fácil, pois o volume da vinhaça deverá cair pela metade. O diretor da BS calcula que cada litro de álcool passará a produzir 5 ou 6 de vinhaça, viabilizando a sua distribuição para lugares não tão distantes, sem risco de saturação por potássio. “A diminuição do volume poderá criar condições para a instalação de plantas especificas de evaporação, o que reduzirá o volume para dois litros de vinhaça por litro de álcool produzido”, afirma. Segundo Paulo Barci, o setor deve buscar alternativas para a destinação da vinhaça, pois haverá conseqüências, mais cedo ou mais tarde, nessa área, inclusive em decorrência da fiscalização de órgãos ambientais. “As usinas estão se esquecendo que o aumento da produção de etanol vai gerar mais vinhaça. E a sua distribuição em locais mais distantes torna-se inviável devido aos custos astronômicos”, alerta.

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