Mercado

Variação na oferta eleva a receita do produtor

A oscilação sazonal na oferta de algumas culturas e a valorização internacional do açúcar e dos grãos puxou o índice dos preços pagos ao produtor em 2009. Em abril, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), o índice teve média positiva de 1,49% e foi puxado por produtos de origem vegetal, como cana-de-açúcar (+13,52%), arroz (17,97%) e soja (5,97%). No entanto, especialistas afirmam que a alta não significa maior rentabilidade no campo, uma vez que podem indicar escassez de mercadoria na mão do produtor. Além disso, lembram que a atual safra foi plantada com insumos de alto custo, o que absorve boa parte dos ganhos.

A tendência de valorização persistiu nas últimas quatro semanas que incluem maio, com índice de 2,22%. Destaque para banana nanica (+56%) com problemas na colheita, carne suína (+14,12%), soja (+3,38%), trigo (+3,33%) e carne bovina (+2,3%). José Sidnei Gonçalves, pesqu isador do IEA, afirma que não é possível dizer que essa valorização é uma tendência neste ano. A soja e o açúcar, conforme disse, têm sido favorecidos pela queda do dólar – impulsiona as cotações na bolsa e refletem positivamente no mercado interno – e fundamentos favoráveis (oferta e demanda). “Além disso, ainda não foi considerada a queda na demanda provocada pelas demissões que já ocorreram. Por enquanto, os consumidores estão cortando gastos com produtos desnecessários. Dessa maneira, os preços refletem apenas as condições de negócios momentâneas”.

Ele cita como exemplo o caso do feijão carioca, cuja cotação da saca em 2008 foi negociada por até R$ 250. No entanto, o excesso de oferta derrubou os valores da saca para R$ 53. “Com esses preços baixos, certamente teremos redução na safra de inverno e problemas com abastecimento lá na frente, o que não interessa a ninguém”.

Feijão em baixa

Na avaliação de Rafael Pentiado Poerschke, analista da Safras & Mercado, essa forte oscilação na produção é uma característica tradicional do feijão. Conforme avaliou, a especulação é uma das principais ferramentas utilizadas pelos negociadores. “Estamos no pico da segunda safra. Por isso, muitos compradores estão retraídos na expectativa de quedas ainda maiores”, comentou. Segundo dados da consultoria, a média das cotações do tipo 1 do carioca em maio deste ano é de R$ 90,00 a saca. No mesmo mês do ano passado, a média era de R$ 158 com picos de até R$ 242.

Atualmente, cerca de 35% do 1,58 milhão de toneladas da segunda safra já foi colhido. “A tendência é que a pressão de oferta recue somente na segunda quinzena de junho”, acrescentou o analista. Em alguns tipos de feijão carioca, prossegue, os preços ficam na casa dos R$ 50. “Com esse cenário, o produtor acaba esperando a oferta de compra do governo e vende pelo preço mínimo, que é de R$ 80,00 para o tipo 2. Dessa maneira, Poerschke calcula uma redução entre 1% e 2% na área da terceira safra, que em 2008 atingiu 811 mil hectares e 830 milhões de toneladas de produção.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 11)(Roberto Tenório)

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