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Valor da terra volta aos níveis de 2004

Em 12 meses, cotação subiu 11,64% na média brasileira, impulsionadas pela cana-de-açúcar. Os preços das terras agrícolas no Brasil começam a indicar valorização, com a média paga em patamares semelhantes aos de 2004, quando ocorreu o chamado “boom da soja”. A vedete desta alta, no entanto, é outra: a cana-de-açúcar. O preço médio de um hectare de terra em 2004 era de R$ 3.363 e hoje é de R$ 3.432. Segundo levantamento do Instituto FNP, em 12 meses, as cotações subiram 11,64% na média brasileira – impulsionadas pelo Sudeste, onde a valorização foi de 17%.

“A média brasileira foi influenciada por São Paulo, devido à cana-de-açúcar”, diz Jacqueline Bierhals, analista da consultoria (ver box abaixo). Segundo o estudo, a valorização de áreas para canaviais, laranjais e cafezais compensou a perda média em regiões de grãos. Em Sinop (MT), por exemplo, as áreas valem 15% menos que há um ano.

Ela lembra, no entanto, que apesar de a média estar em valores próximos a 2004, na maioria dos estados ainda não chegou aos preços exorbitantes como naquela época. Em maio de 2004, um hectare era comercializado a R$ 8 mil no Paraná, com valorização de cerca de 30% em 12 meses. Hoje está perto de R$ 7 mil.

Na avaliação da analista, os preços devem se sustentar nestes patamares ou com leve tendência de alta. Segundo ela, a quantidade de negócios ainda é pequena e, diferente de 2004, não há um “aumento especulativo, com gente comprando sem planejamento”. Além do “boom do etanol”, Jacqueline acrescenta a recuperação dos preços dos grãos e uma possível reversão do ciclo pecuário como fatores determinantes para a valorização das áreas.

Segundo o estudo, metade das 10 regiões que mais se valorizaram em 12 meses estão no Amapá – isto porque os preços no estado são muito baixos R$ 228 o hectare. Destaque também para Alagoas, onde os preços subiram 84%, devido ao investimento no setor sucroalcooleiro. Mato Grosso do Sul e Goiás voltaram a figurar este ranking em decorrência do avanço dos canaviais. “Quando a cana chega, valoriza a região e reflete nas outras categorias”, avalia.

Apesar da forte alta dos preços da terra para cana-de-açúcar, os maiores valores por um hectare são cobrados em Santa Catarina: R$ 27 mil em área de várzea de arroz. E os menores no Amapá R$ 26.

Além da cana-de-açúcar, o café também impulsiona as cotações, como no Espírito Santo, onde em 12 meses as áreas valorizam-se 65,7%. Regiões de reflorestamento, como a de Pelotas (RS) também tiveram alta: 22,58% no período.

Quando avaliam-se os preços em 36 meses, mais uma vez o setor sucroalcooleiro é responsável pelas variações: as maiores altas ocorreram no Sudeste (24,5%) e no Nordeste (12,6%). As demais regiões tiveram desvalorização neste período. Com isso, a média nacional foi de 2,03%.

Das 10 regiões que mais se valorizam neste período, seis estão ligadas à cana-de-acúcar ou ao café. Na contramão, a desvalorização ocorreu em regiões de grãos.

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