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Uso racional de água ocorre em várias regiões

A inclusão do uso racional da água entre as prioridades do setor tem acontecido em diversos pólos sucroenergéticos do País. O diretor da JCS Tratamento de Efluentes, Juan Carlos Salvini, de Matão, SP, observa que as novas unidades instaladas, por exemplo, nos Estados de Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, já perceberam as vantagens proporcionadas pelo reaproveitamento de águas e desenvolveram suas plantas industriais, em diversos casos, valorizando essa questão.

Segundo ele, a maioria das usinas tem se preocupado, de maneira geral, com a questão ambiental. “Antes, jogava-se água nos rios sem tratamento. Agora, trata-se água, mas não há o aproveitamento da maneira mais indicada. Falta ainda uma maior conscientização sobre o reuso”, opina. Ele informa que as usinas têm outorga para a captação entre 200 a 800 metros cúbicos de água por hora.

O diretor da JCS enfatiza que o reaproveitamento colabora com o equilíbrio da bacia hidrográfica. “Caso ocorra consumo constante, não sobra tempo para a Natureza se recompor de maneira favorável”, alerta. Juan Salvini diz que o desligamento das bombas por determinado número de horas possibilita também a economia de energia.

Reutilização diminui gastos elevados com a captação

Em diversas situações, existe a necessidade de abertura de poço artesiano para a vazão, por exemplo, de 200 metros cúbicos por hora

O reuso da água também evita ou minimiza gastos elevados com a captação, principalmente em regiões em que não há grande disponibilidade ou facilidade para isto. O engenheiro Juan Carlos Salvini lembra que existe necessidade, em diversas situações, de abrir um poço artesiano para a vazão, por exemplo, de 200 metros cúbicos por hora. Essa solução pode exigir um alto investimento, de acordo com o diretor da JCS Tratamento de Efluentes. “Para um poço de 600 metros de profundidade, há necessidade de uma bomba de alta potência, de 250 cavalos”, diz.

Juan Salvini afirma que a implantação de uma estação de tratamento de efluentes com sistema aeróbio de lodo ativado, com decantação secundária, possibilita a remoção de 94% a 95% da carga orgânica. Ele afirma que esse processo tem um custo baixo e apresenta maior flexibilidade em relação a outras alternativas. A Companhia Energética Vale do São Simão, no Triângulo Mineiro, possui sistema semelhante.

O consultor de Matão esclarece que a água tratada, nesse sistema, pode ser usada na refrigeração de equipamentos, na lavagem de cana e até mesmo na caldeira desde que passe por uma Estação de Tratamento de Água (ETA) ou receba uma quantidade suficiente de aditivos para deixá-la em condições de ser utilizada nesse equipamento.

Após ser tratada na lagoa de polimento, último estágio da estação de efluentes, a água residuária pode ser destinada a um reservatório específico para ser empregada no combate a incêndio. “Está isenta, nessa fase, de carga orgânica e não apresenta nenhum problema para esse tipo de uso”, esclarece. Não há também necessidade de utilizar água potável para a lavação de veículos. “Tem usina que consome de 10 m³ a 12m³ para retirar terra de caminhão”, critica Juan Salvini, considerando que esse desperdício pode ser evitado a partir da adoção de algumas medidas.

Na avaliação dele, as usinas precisam contar com o trabalho de um consultor especializado que faça a separação das águas conforme o uso e as necessidades. Situações diferenciadas de reutilização exigem também projetos e tratamentos diferenciados. “Nas unidades novas podem ser projetados e construídos reservatórios específicos de água tratada – que não precisa ser potável – para ser reaproveitada em descargas sanitárias”, exemplifica.

(RA)

Processo de gestão deve ser iniciativa da alta administração

Qualquer setor que queira ter sucesso comercial precisa agir de acordo com princípios da responsabilidade ambiental

Soluções eficientes para um tratamento e reaproveitamento de águas residuárias em usinas e destilarias dependem de um diagnóstico inicial detalhado, que devem considerar um custo-benefício bem ajustado, segundo o diretor da Roberto Roche & Associados, o consultor ambiental Roberto Roche, que é PhD em Bioquímica Ambiental. Com ampla experiência nessa área, ele possui pós-doutorado em Avaliação de Impactos Químicos, mestrado em Química Ambiental e MBA em Gestão Ambiental.

O reuso de água no processo de produção industrial das unidades sucroenergéticas tem aumentado – de acordo com Roberto Roche -, proporcionando benefícios, como redução de custos na produção e a preservação ambiental, além de criar condições para que a empresa seja sustentável. “Sem uma gestão ambiental efetiva não só este setor, mas qualquer segmento que queira ter sucesso comercial em um mundo cada vez mais ligado na responsabilidade ambiental, precisará de uma mudança de gestão no sentido de ser ambientalmente correta”, avalia.

O processo de gestão ambiental de usinas e destilarias tem que ser um compromisso que parta de cima para baixo, de acordo com Roberto Roche. Caso contrário, não vai dar certo. “Deve ter um comprometimento único. Mas, precisa partir da alta administração a motivação para que todos os empregados assumam o compromisso”, ressalta o consultor, que é também auditor líder sênior e perito ambiental como colaborador junto ao Ministério Público

Roberto Roche destaca ainda que as usinas e destilarias devem se preocupar também com a destinação dos resíduos provenientes do processo de produção industrial – como, a própria vinhaça -, pois o manejo inadequado gera multas pesadas. Segundo ele, para qualquer situação, existe a necessidade de realização de uma auditoria ambiental para identificar e quantificar seus eventuais passivos ambientais e depois agir em cada problema específico encontrado. Além de executar esses serviços, a Roberto Roche & Associados realiza análise de risco, projetos de reciclagem de água e para tratamento de efluentes, gerenciamento de resíduos e coleta, entre outros.

(RA)

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