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Usinas pagam R$ 12 mil por alqueire

As usinas de açúcar e álcool estão oferecendo cerca de R$ 12 mil por alqueire de cana plantada na região. O cálculo é feito considerando a produção de 50 toneladas de cana por alqueire. Se o produtor tiver 10 alqueires, por exemplo, vai produzir 500 toneladas, com resultado financeiro de R$ 16,5 mil por ano ou R$ 1.375 mensais. “O produtor consegue esta remuneração no primeiro ano de arrendamento. Os contratos são por cinco a seis anos”, afirma o presidente da Associação dos Produtores de Cana e Aguardente de Catanduva (Apac), Antônio Celidônio Ruette. Se o produtor optar por ser fornecedor a remuneração é de cerca de R$ 1,5 mil mensais. “Qual atividade rural permite esse ganho ao produtor rural?”, questiona o engenheiro agrônomo do Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR), de Rio Preto, Antônio de Noronha Bachiega. Ele explica que as usinas estão interessadas somente na terra, as benfeitorias existentes são destruídas. “O produtor deve tomar cuidado porque eles derrubam tudo. Depois de quatro anos devolvem a terra e o produtor tem de fazer novamente as benfeitorias, como as cercas e galpões, o que havia construído na propriedade”, afirma.

Um mar de cana. A região caminha para este cenário. Os técnicos salientam para o risco da monocultura. “A economia dos pequenos municípios pode ficar comprometida com uma cultura. Na entressafra acabam ficando sem alternativa de trabalho, com o aumento do desemprego”, alerta o engenheiro agrônomo do EDR de Catanduva Pedro Castelan Neto. Segundo os especialistas, a cana expande em cima das áreas de plantio de café, de pastagem e citricultura. Números que ainda não aparecem nas estatísticas oficias, mas que começam a dar sinais. O Instituto de Economia Agrícola (IEA) e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), mostram no quarto levantamento da estimativa da safra paulista que a laranja em São Paulo terá redução de 1,2% em sua área plantada, caindo para 653,26 mil hectares. Em 2000, a área plantada chegava a 800 mil hectares. Em contrapartida previsão para a cana aponta elevação na área de 2,7% reflexo da implantação de novas usinas, na produção (5,2%) e no rendimento (1,9%) nesta safra 2003/2004, comparando-se ao ano agrícola anterior.

Setor defende adição de álcool no diesel

O setor sucroalcooleiro tem pressionado as autoridades a adicionar álcool anidro ao diesel. A alternativa é semelhante à mistura 25% de álcool à gasolina comum. A diferença entre os dois combustíveis seria somente na porcentagem da mistura. No caso do diesel, a proporção estudada é de 5%. “Esta quantidade não afeta o desempenho do motor. Os estudos para a adição do álcool ao diesel estão bem adiantados”, afirma o presidente da Associação dos Produtores de Açúcar, Cana e Aguardente de Catanduva (Apac), Antônio Celidônio Ruette. De acordo com o dirigente, as usinas já estão utilizando a mistura em seus caminhões. A medida é uma saída para a crescente oferta de álcool impulsionada pela expansão do setor sucroalcooleiro. “Será a válvula de escape para o excesso de produção do setor nas próximas safras”, explica Ruette.

A produção para 2003/ 2004, a ser encerrada no próximo dia 15 de novembro no Centro-Sul (São Paulo e Paraná) está prevista para 300 milhões de toneladas, com crescimento de 6,38%, sobre os 282 milhões de toneladas da anterior. Na safra 2004/2005, a estimativa adicional de produção é de 50 milhões de toneladas por conta da entrada em operação de duas usinas na região. Uma unidade no município de Colina e outra em Guaraci e mais seis novas unidades na região de Araçatuba, Andradina, Dracena, Tupã, Ilha Solteira e Votuporanga. Além de uma usina em Colômbia, região de Barretos. “O aumento da produção considera a produção adicional destas novas unidades e das usinas existentes. Vale ressaltar que o desempenho vai depender também das condições climáticas favoráveis”, diz Ruette.

O setor estaria otimista por causa do interesse de outros países pelo álcool combustível, mas a produção necessita de vazão para o setor não entrar em colapso. Na região de Catanduva, a estimativa é de produção de 22,1 milhões de toneladas de cana, sendo que o processamento será de 22,30 milhões de sacas de 50 quilos de açúcar e 9,7 milhões de litros de álcool. Até o último levantamento da Apac, no dia 31 de agosto, a região processou 15,9 milhões de toneladas de cana, com produção de 16,630 milhões de sacas de açúcar e 710,210 milhões de litros de álcool.

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