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Usinas investem em transporte dos cortadores

O serviço de transportes de cortadores de cana tem apresentado uma eficiência cada vez melhor. Antes mesmo antes da obrigatoriedade legal, algumas usinas já demonstravam — desde a década de 80 — preocupação com o conforto e a segurança dos seus funcionários. Começaram a trocar, naquela época, abomináveis caminhões por ônibus, com bagageiro para ferramentas e tanque térmico para água. “É um investimento. Se o trabalhador tiver conforto, vai produzir mais”, constata Pedro Henrique Dorizzotto, gerente de processo de plantio e colheita, da Usina Nova América, de Tarumã (SP), uma das pioneiras nessa área. Para o gerente de Recursos Humanos da Usina São João, de Araras (SP), Ivan Chaves Rezende, essa medida é também positiva, porque evita acidentes. “Sempre procuramos oferecer aos nossos funcionários condições adequadas de trabalho”, afirma.

Um dos requisitos para garantir a qualidade desse serviço passa necessariamente pelo envolvimento dos condutores dos veículos com esse tipo de atividade. É o motorista — funcionário, ou não, da usina — que vai, na verdade, ter contato direto com o cortador em boa parte do dia. Pensando nisto, a São João optou em terceirizar apenas os ônibus, atribuindo a tarefa de condução dos veículos aos supervisores de turma – que são funcionários contratados da usina. “Para exercer essa função, além de ter a habilitação, eles precisam fazer um curso de direção defensiva”, observa Ivan

Na Nova América, essa questão é resolvida de outra maneira: os motoristas são os proprietários das empresas que prestam serviço de transporte para a usina. Cada empresa deve ter apenas um ônibus em operação. O motorista-empresário tem, ainda, a missão de fazer a primeira triagem dos cortadores que vão trabalhar na safra. “Ele atua como facilitador da empresa, mas a escolha final cabe à usina”, informa Pedro Henrique. O condutor do veículo, na Nova América, tem os ganhos calculados pela quilometragem e por uma participação na produtividade dos trabalhadores da colheita. “É uma maneira de envolvê-los com o clima do dia-a-dia. Mas nenhum valor é retirado do salário do cortador, que é contratado pela usina”, esclarece.

Outro critério adotado pelas duas usinas na realização desse serviço é a condição do veículo. “Fazemos a revisão periódica para a verificação de itens de segurança, a cada noventa dias”, exemplifica o gerente da Nova América. Os ônibus devem possuir compartimento para o transporte de ferramentas e tanque para água. A usina de Tarumã chegou a financiar a implantação, por parte das empresas, do reservatório térmico — de aço inox, revestido de isopor — que tem capacidade para 200 litros. A São João não aceita, também, veículos sem o tanque para água. Além da adição de gelo — que tem a participação de funcionários —, o “serviço de bordo” pode ter algumas surpresas. “Distribuímos, diariamente, soro re-hidratante para todos os trabalhadores rurais”, diz Pedro.

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