Implementar uma cultura de segurança nos procedimentos operacionais, além de investimentos em recursos tecnológicos, vem requerendo por parte dos gestores alta dose de criatividade para envolver os colaboradores, aumentar a produtividade e reduzir os riscos de acidentes.
O assunto foi pauta do webinar “Usinas de Alta Performance Agrícola”, desta última quarta-feira, dia 24, com o tema Gestão, Segurança e Qualidade das Operações. O programa teve a participação de Carlito Schuch, gerente de SSMA da Usina Santa Adélia, Eduardo Semião, gerente de Sustentabilidade e Segurança da SJC Bioenergia e Gabriela Querubin de Oliveira, gerente de Segurança e Saúde Ocupacional da Raízen.
Com o patrocínio das empresas AxiAgro, HRC e S-PAA, o webinar contou com mediação do jornalista Alessandro Reis, do JornalCana.
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Os números justificam o cuidado e investimento para manter a qualidade das operações. A Raízen, uma das gigantes do setor, tem uma frota de mais de 4 mil veículos, número 20 vezes maior que a frota de ônibus de um município como Piracicaba. Na safra 20/21 essa frota percorreu a distância de 171 milhões de quilômetros, aproximadamente 450 vezes a distância da Terra à Lua.
E para colocar essa frota para rodar, a empresa conta com mais de 4.500 motoristas, que efetuam o transporte de cana, pessoas e outras cargas. Esses foram alguns dos dados passados por Gabriela Querubin de Oliveira, gerente de Segurança e Saúde Ocupacional da Raízen, que falou sobre o transporte na área agrícola.
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“Desde 2016, a empresa vem investindo no processo de reestruturação do setor de transporte da cana. Várias medidas vêm sendo implementadas ao longo desse período, buscando aumentar a qualidade e garantir a segurança das pessoas”. Ela apresentou algumas ações pontuais que foram sendo implantadas desde então, e que contribuem para otimizar o serviço.
“Em 2016 estabelecemos a redução de velocidade e a implantação do Led na lateral e traseira dos veículos. Em 2017 introduzimos a telemetria para mapear onde o pessoal está rodando, entender o cenário de interação homem e veículo. Também investimos na renovação da frota. A tecnologia precisa ter uma governança, começamos a fazer inspeções no transporte de cana. Adotamos um novo sistema de enlonamento, substituindo a corda pela cinta, criamos um canal permanente de informação”, explicou.
Gabriela ressaltou que são muitos veículos, mas o maior ativo são as pessoas. “Em 2019 trouxemos a câmara para os nossos veículos, que contribui para compreender desvios comportamentais, e também avaliar a questão da fadiga, após um trabalho de mapeamento de toda frota, passamos a gerar novos relatórios. Em 2020 começamos a elaborar os manuais de transportes, com informações simples e direta, para que todos tenham as informações adequadas, para se evitar acidentes”, disse.
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Ela comentou que o carro chefe da empresa nesse processo é o sensor de fadiga, buscando entender as tomadas de decisões dos nossos motoristas. Todo esse conjunto de informações permite um melhor trabalho. Como resultado, a companhia conquistou uma redução de 20% dos acidentes neste ano, e 80% desde o início da reestruturação. “É uma jornada que não tem fim, a gente vai estar sempre buscando a inovação”, assegura Gabriela.
Quarentena de segurança
Carlito Schuch, da Usina Santa Adélia, que também está estruturando seu departamento de Saúde, Segurança e Meio Ambiente, vem adotando um programa denominado “Quarentena de Segurança”.
“A cada 22 dias uma pessoa se machucava no CTT em horários distintos. O que fazer? após conversar com as equipes o que fizemos, como ainda estamos construindo nosso sistema de gestão SSMA que não está totalmente implementado. Então fizemos uma auditoria de quarentena de segurança, montamos uma programação e definimos que sempre teria representantes da equipe de segurança, diretores, entre outros”, contou.
Segundo o gerente, ao longo dessas auditorias foram identificadas 193 ações, das quais 123 já foram concluídas e 68 se encontram em andamento. “Fizemos uma análise para ver quantas ações realmente demandam algum investimento e quantas eram ações de ver e agir é de resolver no momento. Isso foi importante para desmistificar aquela visão de que fazer segurança é sempre algo muito caro. Muitas vezes não é. E aqui a gente conseguiu ver que a maioria das nossas ações eram ações de ver e agir e somente em 8 ações a gente precisava de algum investimento”, ressaltou.
Schuch afirma que o aprendizado a partir das auditorias foi grande. “Contamos com a participação de uma equipe com lideranças, com presença de diretores, supervisores juntamente com a equipe de SSMA. Foi algo que nos traz resultados positivos. Após a implantação da quarentena tivemos zero número de acidente”, informou Carlito.
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Na SJC Bioenergia, Eduardo Semião, gerente de Sustentabilidade e Segurança, disse que o grande desafio foi o de integrar ações de operação com ações de Segurança. A usina passou a aplicar um programa de acidente zero, que dividiu os colaboradores em equipes que estavam distribuídas em todos os setores da empresa, que competiam entre si, através de um sistema de pontuação. “A cada safra é definida uma temática para a competição, onde cada equipe vai conquistando uma pontuação de acordo com as metas de segurança que vão sendo cumpridas”, explicou.
Na safra 19/20, por exemplo, o tema era Cinema/Oscar e um dos desafios era reproduzir um trecho de filme relacionado com a rotina do setor. Na safra 20/21 o tema foi futebol e na safra 21/22 o tema é Olimpíadas, onde as primeiras provas estão relacionadas à importância das mãos, no segundo mês a importância da visão e terceiro mês relacionadas a percepção de risco.
“O ganho desse formato é o envolvimento das pessoas. Qualquer atividade exige planejamento e comunicação entre os membros. E como resultados saímos de uma taxa de gravidade de acidente de 35,7 na safra 18/19 para zero nas safras 20/21 e 21/22”, destaca Semião.