Outrora aliados, hoje os incêndios se constituem numa das principais preocupações das usinas e dos produtores de cana-de-açúcar. Tanto que usinas e produtores buscam investir cada vez mais em medidas de prevenção e combate a este mal que se prolifera, principalmente, em períodos de longa estiagem.
Uma das soluções pode estar na tecnologia de monitoramento, com capacidade de emissão de alertas, assim que surgem os primeiros focos de incêndio.
Para André Bresqui, gestor ambiental do Grupo Viralcool, o importante é prevenir para não ter que remediar. “As três unidades do grupo contam com colheita 100% mecanizada”, contou ele, em seminário promovido, no dia 31 de agosto, pela Cyan Agroanalytics, que contou com a participação de produtores, usinas e representantes de classe discutiram sobre as ações que podem reduzir o impacto financeiro e ambiental provocados pelos incêndios.
“Temos um mapa de criticidade 2021/22. O Cyan nos alerta sobre os focos tanto na safra, como na entressafra. Temos também um sistema que monitora toda nossa frota, indicando qual a melhor rota para se chegar ao foco do incêndio, para que eles não venham a tomar grandes proporções. Esse ano, de janeiro a agosto, tivemos 35 ocorrências, um número relativamente menor que o mesmo período do ano passado (com cerca de 92 ocorrências)”, informou Bresqui.
O gestor da Viralcool destacou também, o desenvolvimento de uma cartilha com as boas práticas agrícolas. “Um ponto importante é a questão dos aceiros que, além do distanciamento, devem receber manutenção constante; limpeza das máquinas, não só das colhedoras, mas também dos caminhões, e demais equipamentos”, são alguns pontos abordados nesta cartilha.
Bresqui lembrou também da importância do treinamento dos profissionais envolvidos nas ações de combate ao incêndio. “Os treinamentos das brigadas e equipes é fundamental. Além das nossas campanhas de conscientização, em nossas redes sociais, junto às escolas. Qualquer foco de incêndio deve ser denunciado. Afinal, temos famílias trabalhando no combate”, disse.
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Roberto Figueiredo, presidente do Sindicato Rural de Morro Agudo, que reúne cerca de 120 associados, lembrou das dificuldades que o setor sofreu no ano passado. “Tivemos que montar uma estrutura de guerra, o sindicato virou um verdadeiro QG (quartel general), centralizando as informações e tentando orientar as ações das brigadas e equipes de combate. Fizemos reuniões periódicas com todos os órgãos, para fazer um alinhamento das ações”, disse, ressaltando que a entidade possui uma parceria com o SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) para oferecer cursos de prevenção e combate a incêndios.
Para a engenheira agrônoma e produtora rural, Laisa Pinto Neto, fornecedora de cana com propriedades rurais em Minas Gerais e São Paulo, o fogo é um grande problema, difícil de ser domado.
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“O nexo causal sempre nos incomoda. Por isso, o monitoramento é importante e necessário. O produtor rural não tem uma estrutura tão robusta como a de uma usina. Ao sermos apresentados ao Cyan chegamos a ter um pouco de dúvida, mas atualmente conseguimos monitorar lavouras, pastos e também nossas áreas de reserva legal. (480 hectares de mata em nossa região que está sob nossa responsabilidade)”, contou.
Ao final, a meteorologista do Cyan, Vanessa Siqueira apresentou uma previsão climática para os meses de setembro, outubro e novembro, onde deveremos continuar sob o efeito da La Niña, até pelo menos o final da primavera e início do verão.
Segundo a Vanessa o trimestre apresentará um atraso na estação chuvosa, com seca no sul e nordeste mais úmido. Ela alerta que para este mês de setembro, com previsão de temperaturas mais altas, vento intenso e umidade relativa do ar mais baixa, as ações de prevenção e monitoramento de incêndios devem ser intensificadas.
