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Usina paulista investe R$ 2 milhões em gestão ambiental

Nos últimos dois anos, os 3 mil funcionários da Usina Santa Cruz, de Américo Brasiliense (SP), estão passando por uma mudança comportamental profunda. Uma nova mentalidade está sendo implantada em todas as atividades da empresa, modificando o comportamento das pessoas desde coisas bem simples, como jogar fora o copinho de café, até operações mais complexas, como a colheita mecanizada.

A mudança começou quando a Santa Cruz decidiu implantar o processo de certificação ISO 14001, a chamada “ISO ecológica”, que normatiza todas as atividades da usina de acordo com padrões mundiais de respeito ao meio ambiente. No total, foram 18 meses de trabalho duro e R$ 2 milhões de investimentos, além de mais de 3 mil horas de treinamento. “Todos os colaboradores da usina passaram por cursos de conscientização ambiental”, explica Rudinei Sérgio Pestana, coordenador de Gestão Integrada da empresa.

O certificado ISO 14001, obtido em setembro de 2002, foi o primeiro concedido a uma usina brasileira envolvendo todo o processo agroindustrial (plantio e colheita, processamento industrial e transporte), da contratação e utilização da terra até a expedição do produto final. Como a Santa Cruz já possui a certificação ISO 9000 desde 1997, hoje ela opera com um sistema de gestão integrada, contemplando as questões ambientais e de qualidade, na produção e comercialização de cana, açúcar cristal, álcool etílico, levedura de cana e energia elétrica.

Vantagens

Com a perspectiva de moer 2,7 milhões de toneladas de cana nesta safra, a Usina Santa Cruz destina 55% da sua produção para o álcool anidro e hidratado, e 45% para o açúcar tipo VVHP. No caso do açúcar, toda sua produção é destinada à exportação, principalmente para os Emirados Árabes.

E foi exatamente essa vocação da empresa, de colocar seu produto no mercado externo e competir globalmente, que fez a diretoria da Santa Cruz investir na melhora dos seus sistemas ambientais e de qualidade. “A visão da diretoria da usina é de que a imagem de todo o setor sucroalcooleiro precisa ser melhorada, tanto no exterior como aqui no Brasil, pois, freqüentemente o setor é taxado de grande poluidor, explorador da mão de obra, não confiável, etc. ”, explica Pestana. Como o açúcar brasileiro é muito mais competitivo que o produzido na Europa, por exemplo, ele sofre uma série de restrições tarifárias, sanitárias e ambientais. Uma delas sempre foi em relação à medida em que a produção do açúcar no Brasil afeta o meio ambiente. “Por isso, a busca da certificação ISO 14001 foi uma das medidas adotadas com o objetivo de melhorar essa imagem e começar a vencer as barreiras impostas”, afirma o coordenador de gestão integrada da empresa.

Outra vantagem que a certificação ambiental está trazendo para a Usina Santa Cruz é a redução de custos em algumas áreas, como o consumo de água, combustível e energia elétrica. Embora ainda não seja possível quantificar o valor economizado, pois as mudanças afetam uma gama enorme de pequenas somas, é inegável, segundo Pestana, que a implantação dos processos de gestão integrada trazem benefícios diretos no resultado final da empresa.

Mecanização x queimadas – Fundamental para o processo de certificação ambiental foi a intensificação da mecanização da colheita nas áreas da usina. Com mais de 50% da sua área mecanizada, a empresa se antecipa à legislação do Estado de São Paulo que restringe progressivamente as queimadas e prevê para breve a mecanização de 70% de toda a colheita de cana. Nesse processo, a Usina Santa Cruz conta com ajuda principalmente do trabalho de 14 colhedoras Case IH, que colhem a cana crua e, portanto, evitam a poluição causada pelas queimadas. Além dessas máquinas, a Santa Cruz possui uma frota de 34 tratores Case IH e 38 tratores New Holland, entre outros.

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