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USDA confirma o maior uso de milho para etanol

Relatório com projeções para a produção de grãos e algodão nos Estados Unidos nos próximos 10 anos, divulgado ontem pelo Departamento de Agricultura americano (USDA), confirmou a tendência de expansão do plantio de milho sobre áreas ocupadas por outras culturas e o aumento da demanda pelo grão para atender à produção de biocombustíveis.

O relatório é feito com base nos rendimentos de safras de anos anteriores. Conforme o USDA, a área de milho nos EUA alcançará 90 milhões de acres (36 milhões de hectares) em 2010, ante 78, 6 milhões de acres (31,8 milhões de hectares) plantados em 2006.

O órgão também estima que 30% da safra de milho será destinada à produção de etanol, contra a média atual de 20%. O governo Bush definiu como meta o aumento da produção de etanol dos 5 bilhões de galões de etanol (18,9 bilhões de litros) de 2006 para 35 bilhões de galões até 2017. Para analistas ouvidos pela Reuters, o aumento da área plantada com milho nos EUA ajudará a estabilizar os preços da commodity.

Paulo Molinari, da Safras & Mercado, disse que o relatório é altista para o milho, já que prevê um aumento do consumo do grão para produção de etanol, de 55 milhões de toneladas no ano fiscal 2007, que se encerra em 30 de agosto, para 81 milhões de toneladas em 2008 (ano fiscal começa em 01 de setembro). Ele destacou ainda a projeção de plantio de 34,8 milhões de hectares de milho, na safra que começa a semeada em abril. O crescimento é de 9,43% sobre o plantio no ano passado.

Apesar dos números do USDA, o milho fechou em queda na bolsa de Chicago, pressionado por vendas técnicas e influenciado pelo trigo, segundo analistas ouvidos pela Dow Jones Newswires. O contrato de maio recuou 2,5 centavos de dólar a US$ 4,2075. Para Molinari, porém, o mercado deve voltar a subir. “O relatório do USDA utilizou dados de produção de milho estimados em dezembro, que estavam acima dos previstos em janeiro e fevereiro, o que elevou os estoques e confundiu o mercado”, afirmou. Em dezembro, o USDA estimou produção de 270,8 milhões de toneladas e em fevereiro, 265,5 milhões de toneladas.

Segundo as projeções de longo prazo do USDA, a área de soja sofrerá uma redução de 9% até 2009, para 69 milhões de acres. Para Flávio França Júnior, da Safras&Mercado, o relatório não influenciou as bolsas de commodities. “Esses números corroboram as previsões já feitas por analistas. O mercado já esperava a redução na área de soja e aumento da área de milho. O que falta saber é a proporção dessas mudanças”, afirma. O primeiro relatório do USDA sobre intenção de plantio da safra 2007/08 deve ser divulgado no dia 30 de março.

Ontem, na bolsa de Chicago, a soja recuou com vendas de especuladores, influenciada pela queda do milho e do trigo e por dados da Associação Nacional de Processadores de Oleaginosas. A instituição informou que o processamento de soja nos EUA atingiu 4,05 milhões de toneladas em janeiro, ante 3,96 milhões em dezembro – abaixo do esperado pelo mercado. O contrato de maio recuou 5 centavos de dólar, para US$ 7,6650 por bushel.

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