Um grupo de agricultores das Missões decidiu investir no biocombustível, uma das promissoras tendências do agronegócio brasileiro.
Cinco produtores de Dezesseis de Novembro trocaram o cultivo de soja para se unir em torno de um empreendimento: uma microdestilaria de álcool. Ainda se familiarizando com as máquinas e o processo de transformação da cana-de-açúcar em combustível, os agricultores testam a qualidade do produto em seus próprios carros.
– Nosso grande problema era a estiagem, o pessoal estava se descapitalizando com a soja. Temos clima, solo e mão-de-obra para o cultivo da cana-de-açúcar – conta um dos produtores, Darci Colbek.
A microdestilaria foi inaugurada neste mês, mas a comercialização do álcool combustível deve ficar somente para depois de maio, quando começa a colheita da cana. A opção pela atividade surgiu depois de debates na região sobre a cultura, na época em que as fontes de energia renováveis entraram em evidência. Conscientes de que a cana-de-açúcar não deve se tornar uma monocultura, os agricultores continuaram cuidando de suas propriedades.
– Planto milho e alfafa. A soja já larguei de mão. A gente vê na cana a possibilidade de segurar as pessoas no interior, e os filhos também – diz Luiz Derli Colbek.
A idéia de implantar uma microdestilaria nasceu na Associação dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais Fronteiriços. Um projeto foi elaborado, e os produtores o enviaram para o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Até os agricultores se surpreenderam quando souberam que o álcool também pode ser produzido em pequena escala, e não é privilégio de grandes usinas. Para se ter uma idéia, a microusina custou R$ 90 mil. O dinheiro veio dos próprios produtores, do MDA, do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e da prefeitura.
A microusina
> Capacidade: 50 litros de álcool por hora e 1,2 mil litros por dia
> 1 tonelada de cana é preciso ser moída para obter 50 litros por hora
> Área a ser plantada: 80 hectares de cana