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Uma aposta na agricultura familiar

Recém-confirmado para a presidência da Petrobras Biocombustíveis, o ex-ministro Miguel Rossetto assume a subsidiária de biocombustíveis da estatal com metas ousadas: além de ampliar até 2010 a capacidade de produção das três usinas de biodiesel da empresa, de 150 mil toneladas para 230 mil toneladas, quer aumentar em três anos para 80 mil o número de agricultores envolvidos na cadeia do biodiesel, hoje limitado a 60 mil. E mais: quer ampliar para cinco anos o prazo médio dos contratos firmados com pequenos agricultores, hoje limitados a um ano.

Com a bagagem de formulador do programa brasileiro de biodiesel, Rossetto também assume a mais nova subsidiária da Petrobras com as credenciais de interlocutor dos movimentos sociais rurais do país. No próximo dia 1º de maio substitui o engenheiro Alan Kardec! , o primeiro presidente da empresa.

Com entusiasmo, o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário afirma ser possível, sim, incorporar famílias de pequenos agricultores em arranjos voltados para produzir em escala. Admite, no entanto, que muito investimento em pesquisa terá que ser desembolsado para transformar o que chama de sonho em realidade. Para isso, pretende investir R$ 1 bilhão – além dos R$ 5 bilhões previstos pelo planejamento estratégico da subsidiária –, nos próximos cinco anos, em pesquisa e desenvolvimento de novas sementes.

– Hoje, soja e algodão respondem pela maior parte da produção de biodisel do país, mas vamos apostar em uma transição gradativa para outras culturas como pinhão manso e óleo de girassol, mais adequadas ao modelo de pequenos agricultores – afirma Rosssetto. – Até o início de 2010, também vamos investir no desenvolvimento da produção de dendê a partir da palma, na região norte do país.

Criada no ano passado, a Petrobras Biocombust! íveis controla três usinas produtoras de biodiesel. A primeira, no município de Candeias (BA), opera a partir da produção de agricultores da Bahia e de Sergipe; a segunda, em Montes Claros (MG), engloba toda a região Norte do estado de Minas; e a terceira, em Quixadá (CE), opera com a produção do Ceará e dos estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.

– Como exemplo de que é possível produzir biodiesel a partir de uma perspectiva de inclusão social, 90% da nossa produção é proveniente de usinas com o selo combustível social – afirma o novo presidente da subsidiária da Petrobras, ao citar a certificação criada pela estatal para chancelar usinas que utiliza a produção de agricultores familiares.

Novas usinas de etanol

Embora especialistas alertem para a dificuldade em produzir biodiesel em escala industrial a partir de culturas familiares – devido à baixa produtividade dos pequenos agriculgores –, a estatal terá pela frente outro grande desafio: investir na expansão da produção de etanol no atual contexto de baixos preços do petróleo. Na era dos carros flex, o barril do petróleo em patamar inferior ao do ano passado, quando chegou a US$ 140, tende a estimular a migração de consumidores para a gasolina. Nada, no entanto, que faça Rossetto rever os planos da estatal:

– Vamos manter os investimentos em novas usinas para exportação de etanol, com sócios privados. Os projetos estão mantidos, pois a empresa obedece a um planejamento de longo prazo, até 2013.

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