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Tecnologias 'verdes' atraem capital de risco

O ambiente de investimentos em tecnologias verdes está cada vez mais próximo do que existe na informática, com milhares de empresas surgindo com produtos inovadores ao redor do globo e um grande interesse dos investidores, mesmo com a crise global.

“O setor já é o segundo que mais atrai capital de risco no mundo, depois da tecnologia da informação”, afirmou ontem Richard Youngman, diretor-gerente para a Europa da consultoria Cleantech, durante a World Conference of Science Journalists, em Londres. “Cerca de um quarto do investimento de risco vai para tecnologias limpas.”

Um grande impulso para o setor vem de legislações e regulamentos que estão sendo criados por governos ao redor do mundo para a adoção de uma matriz de energia mais sustentável. “Somente 3% da energia gerada no mun! do é renovável”, disse Jeremy Leggett, presidente da Solarcentury, empresa britânica especializada em sistemas de energia solar. “Este ano, os projetos de fontes renováveis devem receber cerca de 15% do investimento de US$ 1 trilhão que será feito em energia.”

Para Leggett, o setor alcançou um ponto de inflexão. “Se tivermos imaginação, é possível fazê-lo”, acrescentou o empresário. “Num período de 12 a 15 anos, o mundo poderia funcionar com 100% de energia renovável.”

As metas dos governos, no entanto, são mais modestas. A União Europeia aprovou recentemente a meta de usar 20% de energias renováveis até 2020, com pelo menos 10% nos transportes. Atualmente, o uso de combustíveis renováveis na Europa está em cerca de 1%.

“A meta dos transportes será atingida principalmente por biocombustíveis, e precisaremos importar a maior parte deles”, disse Giovanni de Santi, diretor do Instituto de Energia da Comissão Europeia. Ele acrescentou que a Europa trabalha em cri! térios de sustentabilidade que irão nortear a produção dos biocombustíveis que irá consumir. “É preciso levar em conta os efeitos secundários”, disse Santi. “Os biocombustíveis não devem causar desmatamento ou reduzir a área dedicada à produção de alimentos.”

Segundo ele, esses critérios podem ser definidos nos próximos meses, e existe uma negociação no âmbito do Grupo dos Oito (G-8) para que sejam definidos critérios mundiais de sustentabilidade. A União Europeia planeja investir, nos próximos 10 anos, de 40 bilhões a 60 bilhões em pesquisa e desenvolvimento em energias renováveis.

Um estudo apresentado por Santi apontou uma redução de mais de 80% na emissão de gases do efeito estufa e de quase 100% no uso de combustíveis fósseis com o uso do etanol de cana-de-açúcar. “O etanol de cana-de-açúcar é a tecnologia mais eficiente de primeira geração”, reconheceu o diretor do instituto europeu.

A segunda geração do etanol, que ainda não é comercialmente viável, será produzida com matérias-primas que não servem de alimento, como madeira, folhas e bagaço de cana.

O repórter viajou a convite da World Conference of Science Journalists

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