Mercado

Terminais de carga superlotados com a greve

A capacidade dos terminais de cargas dos portos no País estão prestes a esgotar, por conta da paralisação dos auditores fiscais da Receita Federal, que já dura 22 dias. A situação no terminal de cargas do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (a 95 quilômetros de São Paulo), por exemplo, é caótica.

“Viracopos é o pior ponto de liberação de carga. Lá os fiscais estão radicais”, afirmou o presidente do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de São Paulo, Campinas e Guarulhos, Valdir Santos. Segundo dados do sindicato, estima-se que perto de 600 processos de importação e exportação estejam aguardando liberação por dia. “Isso significa um prejuízo de R$ 1 milhão ao dia, já que a espera nos armazéns custa 1,5% do valor da carga”, disse Santos.

Para o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, a greve dos auditores causará um grande prejuízo à credibilidade do País no mercado internacional. Isso porque, com mercadorias retidas nas alfândegas dos portos e aeroportos brasileiros, empresas exportadoras acabarão descumprindo contratos.

“A paralisação cria uma imagem negativa do Brasil lá fora, e esse é o maior prejuízo de todos. Em mundo globalizado, nossas empresas buscam aumentar suas exportações e atingir novos mercados”, explicou. Castro afirmou ainda que, nos últimos três anos, o País teve de enfrentar 442 dias de paralisação, com greves na Receita, no Ministério da Agricultura, na Anvisa e no Ibama.

De acordo com especialistas, a superlotação já provoca uma elevação de até 50% nos custos de movimentação por contêiner em terminais dos Portos de Santos, Rio de Janeiro, Paranaguá e Itajaí. No Porto de Santos, os terminais privados encontram-se com 90% da capacidade comprometida, comentou o Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), que representa 45 terminais privados e todos os terminais que movimentam açúcar e granéis sólidos. José dos Santos Martins, presidente da entidade, vê a capacidade total ser atingida até o final da semana, caso a paralisação continue.

Importação

Em relação ao recebimento de cargas de importação, não há mais espaço e estão sendo feitos ajustes para possibilitar o armazenamento, apontou a Associação Brasileira de Terminais e Recintos Alfandegados (Abtra), que estima elevação de 50% nos custos de movimentação por contêiner até o momento, por conta de adaptações que estão sendo realizadas pelos terminais para estocar as cargas em um espaço reduzido. “A capacidade de estoque dos terminais está esgotada, mas a dinâmica de armazenamento continua, prejudicada”, afirma José Roberto Sampaio Campos, diretor executivo da Abtra.

A situação refere-se às atividades de 22 terminais de operadores portuários e terminais de portos-secos em Santos, Rio de Janeiro, Paranaguá e Itajaí. Segundo o executivo, os terminais estão aumentando o empilhamento para ampliar a área de estocagem, mas se esta situação perdurar até o final da semana, o espaço físico será esgotado. “Caso a greve perdure, uma opção de descarga serão os portos do Uruguai”, avaliou.

Outro aspecto crítico no recebimento de cargas originadas de importação é a ocorrência de um acúmulo maior, por conta do fluxo de escoamento ser inferior aos 30% estipulados pela lei na ocorrência de greves relacionadas à atividade ligadas ao comércio exterior, apontou José Roberto. Ele previu ainda um desdobramento negativo em outras atividades por conta do aumento dos custos de movimentação. “O aumento de 50% do nosso custo vai significar um prejuízo para o comércio exterior neste período da greve. O custo maior é para o importador e para o comércio, que deve começar a sentir a falta de mercadorias a partir da próxima semana.”

Aeroportos

Fontes do setor de transporte aéreo de cargas revelam que o terminal de Guarulhos atingiu sua lotação máxima, mas, em sua última entrevista sobre o assunto ao DCI, Ednaldo Santos, superintendente de cargas da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), disse manter a situação sobre controle, mesmo com os espaços operando em média, com quase 95% de sua lotação. “Já estamos com uma lotação 15% superior à nossa normalidade”, confirmou.

A Infraero afirma que a situação atual está sobre controle, talvez porque esteja aplicando as alternativas reveladas por Santos. “Temos planos de contingência para suprir as necessidades emergenciais, espaços de alguns terminais da Vasp e Transbrasil.”

A capacidade dos terminais de cargas em portos, aeroportos e transporte rodoviário no País está prestes a esgotar e acumula prejuízos, por conta da paralisação dos auditores fiscais da Receita Federal, que já dura 22 dias. O Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP) é um exemplo. Em situação caótica, estima-se que perto de 600 processos de importação e exportação estejam aguardando liberação por dia no terminal, gerando prejuízos diários de R$ 1 milhão.

Já nos portos, segundo especialistas, a superlotação já provoca uma elevação de até 50% nos custos de movimentação por contêiner em terminais portuários de Santos, Rio de Janeiro, Paranaguá e Itajaí. Caso a greve perdure, os portos do Uruguai são considerados opção de descarga, apontam operadores.

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