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Preciosidades de uma época

Detalhes da história do Ciclo da Cana-de-Açúcar são hoje encontrados e contados no Museu Casa Quissamã, propriedade restaurada pela prefeitura que reúne preciosidades dos séculos XIX e XX. Quadros, móveis, pequenos objetos e documentos originais da casa e de outras fazendas da cidade, garimpados em antiquários e comprados de descendentes da aristocracia da época, reproduzem a riqueza dos tempos em que a cana era a base econômica do Império. Luxo que impressionou a Corte imperial em sua passagem pela região em 1847.

Hóspede por duas vezes do visconde de Araruama, então dono da construção (datada de 1836), o imperador dom Pedro II esteve na casa em março de 1847, durante visita às bases políticas na região e às obras do canal artificial Campos-Macaé; e depois em abril, para o casamento de Bento Carneiro da Silva, filho do visconde, com Raquel, filha do barão de Muriaé.

Dessa festa que reuniu a Corte em Quissamã ficaram a cama onde dormiu dom Pedro II e a memória do baile, registrada no livro “A viagem de S.M. à província do Rio de Janeiro”, do cronista Reginaldo Muniz Freire, que acompanhou a comitiva ao Norte Fluminense. No livro, o cronista se mostra impressionado com a casa.

“Dois objetos muito notáveis porém havia na sala principal (…) e eram os dois retratos do Imperador e da Imperatriz ricamente emoldurados, com a coroa imperial sobre os quadros, e dois grandes ramos de fumo e café dourados aos lados, tudo do melhor gosto (…) Vi também o quarto de dormir de S.M. e todos os mais aposentos destinados ao seu serviço, nos quais reinava em tudo riqueza e boa escolha.”

A arquitetura da casa, em ruínas até 2004, quando começou a recuperação, também impressiona. Segundo a restauradora Helena Fortes, da Universidade Federal de Viçosa, o abandono e as modificações realizadas ao longo dos anos na propriedade — aberta à visitação desde o dia 12 de junho — dificultaram o restauro, que custou cerca de R$2 milhões à prefeitura.

— Havia cinco camadas de tinta sobre os florais que emolduram a varanda — lembra.

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