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Planta ainda está longe dos limites

Seja para obtenção de celulose, seja para obtenção de sacarose, a produtividade da cana-de-açúcar no Brasil ainda pode aumentar muito, segundo a pesquisadora Glaucia Souza, da USP. A média obtida hoje no País é de 80 toneladas de cana por hectare/ano. Em condições ótimas de clima, solo e nutrição, há produtores que conseguem colher quase o dobro disso: 150 toneladas por hectare/ano. E em condições experimentais controladas, já se produziu mais de 200 toneladas por hectare.

Mas qual seria o limite máximo teórico de produtividade da cana? Essa é pergunta que Glaucia e um grupo de colaboradores tentam responder em um trabalho publicado no início deste ano na revista Plant Biotechnology Journal. Segundo eles, a cana tem capacidade fisiológica para produzir até 381 toneladas por hectare/ano – com uma ajudinha da biotecnologia.

Talvez nunca seja viável atingir essa produtividade em larga escala, no campo. As variedades que já produzem na faixa das 200 toneladas por hectare, em condições experimentais, são plantas enormes, com colmos que ultrapassam os 10 metros de comprimento. Resultado: a cana não consegue parar em pé e tomba, tornando inviável a colheita em larga escala.

Para uma geneticista como Glaucia, porém, o genoma dessas plantas representa uma mina de genes interessantes que podem ser usados no melhoramento genético de variedades comerciais. O estudo mostra que, se os melhores genes fossem combinados numa única planta, cultivada nas melhores condições ambientais possíveis, livre de pragas e doenças, sua produtividade poderia chegar, teoricamente, às 381 toneladas por hectare/ano.

Olhando apenas para a biomassa, a produtividade média atual de 39 toneladas por hectare/ano poderia saltar, teoricamente, para 177 toneladas por hectare/ano.

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