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Novo presidente assume e sócios antigos saem da empresa.

A Brasil Ecodiesel, agora controlada por um grupo de bancos liderado pelo Bradesco, encerrou sua reestruturação e mudará administração e modelo de negócios a partir da semana que vem. O novo presidente será Mauro Cerchiari, ex-executivo da empresa International Paper. Sugerido pelos novos controladores, a nomeação de Cerchiari, 55 anos, deve ser aprovada numa reunião do conselho de administração na segunda-feira. Depois da reestruturação financeira, Cerchiari será o responsável pela completa mudança operacional da Brasil Ecodiesel.

A empresa concluiu dois aumentos de capital, que somam perto de R$ 221 milhões até agora. Cerca de R$ 110 milhões foram dívidas convertidas pelos bancos em participação acionária. O restante é dinheiro novo para dar fôlego às atividades – já que a negócio vinha encolhendo não apenas pelo endividamento mas pela falta de capital de giro. É possível que o ex! ercício dos minoritários, que vai até dia 18, eleve o total arrecadado para algo próximo de R$ 250 milhões. Liberada do pesado endividamento pela reestruturação, a Brasil Ecodiesel passou a ter caixa líquido (mais recursos em tesouraria do que dívidas).

O novo acordo de acionistas deve reunir cerca de 35% do capital: os bancos, organizados num fundo de participações, o investidor Silvio Tini e o fundo de pensão Petros. O restante ficará pulverizado no mercado.

O processo de reestruturação culminou com a saída definitiva dos ex-controladores. Proibidos de participar do novo acordo de acionistas por condições impostas pelos bancos durante a reestruturação e diluídos pelos aumentos de capital, a empresa Eco Green Solutions e o executivo Nelson Côrtes da Silveira venderam nas últimas semanas toda participação que detinham na Brasil Ecodiesel. Na semana passada, comunicaram a venda até mesmo dos direitos de subscrever o aumento de capital.

Desde a abertura de capital! , em 2006, o mercado desconfiava que por trás da Eco Green estava o empresário Daniel Birmann. Nelson Côrtes da Silveira também era visto pelo mercado como associado a Birmann.

Há algum tempo a empresa tentava se livrar do peso representado pelo sócio desconhecido. Em 2008 a Eco Green saiu do acordo de acionistas, deixando o controle para Silveira por meio de ações detidas diretamente e indiretamente por meio do fundo de investimentos Zartman. A polêmica envolvendo o controle prejudicou a empresa em diversas situações, inclusive na busca de financiamentos junto a bancos privados e estatais.

Depois de tantos embates com o mercado, a nova administração quer sinalizar a intenção de melhorar a governança corporativa. Além do presidente, deve contratar como novo diretor de relações com investidores Charles Mann de Toledo, ex-executivo da BM&F Bovespa.

A escolha de Cerchiari para a presidência da Brasil Ecodiesel revela um pouco da estratégia dos novos controladore! s para a mudança do modelo de negócios da empresa. Desde que saiu da International Paper no ano passado, depois de 30 anos na companhia, Cerchiari tornou-se empresário do ramo de biodiesel. Associou-se a Osvaldo Aguiar numa companhia no Mato Grosso do Sul especializada no plantio e extração de biodiesel do pinhão-manso. A planta (nativa das Américas e bem adaptada a diversas regiões do país) vem ganhando espaço como matéria prima mais eficiente na produção de biodiesel. Hoje a Brasil Ecodiesel concentra-se no uso da soja, obtendo uma margem mais baixa na produção atividade. Procurado, o empresário preferiu não se manifestar sobre o assunto.

Na Brasil Ecodiesel, a transição já começou. O atual presidente, José Carlos Aguilera, já anunciou a amigos e colegas sua saída. Num e-mail enviado na segunda-feira, Aguilera afirma que depois de um ano e meio de trabalho, a Brasil Ecodiesel trocou um bloco de controle “por um conjunto de mais de 16 mil acionistas que representam a figura d! o controle pulverizado”. Aguilera, que é ex-sócio da consultoria Galeazzi, retornará à sua empresa, JC Aguilera & Associados. A reestruturação financeira durou pouco mais de um ano e meio e foi desenhada pelo Banco Fator, um dos coordenadores da oferta inicial de ações da Brasil Ecodiesel. (Colaborou André Vieira)

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