Mercado

Gargalos ameaçam a competitividade

O agronegócio brasileiro encontra nos sistemas de transporte, de armazenagem e de terminais portuários uma das principais barreiras para o seu desenvolvimento. Com o gargalo na logística, a exuberante safra agrícola nacional perde vantagem na comercialização.

Estradas precárias, ferrovias defasadas, embarcações insuficientes, rios navegáveis pouco explorados e armazéns com capacidade restrita são alguns dos problemas que podem provocar um estrangulamento na evolução da cadeia produtiva de cereais, leguminosas e oleaginosas no Brasil.

Concentrado em rodovias, com 60% de participação, o escoamento da safra agrícola enfrenta todas as dificuldades das estradas que cortam o País. Para chegar aos terminais portuários, o transporte dos produtos agrícolas chega a percorrer mais de mil quilômetros em rodovias em más condições.

O investimento das concessionárias, entre 1996 e 2003, foi de R$ 6,31 bilhões. Contudo, o montante não foi o suficiente para alavancar a modalidade de transporte. Existem trechos não concluídos, além da estrutura das estradas de ferro não comportar trens velozes.

Multas diárias

Além de provocar perdas de prêmios nos carregamentos marítimos, o atraso nos embarques em navios incorre em elevadas multas diárias ao exportador brasileiro. A partir de fevereiro de cada ano, as estradas que se avizinham às plataformas marítimas ficam, em geral, congestionadas com caminhões carregados de mercadorias. É o período em que começa o envio aos terminais portuários das commodities, inicialmente pela soja e seguida pelo milho, pelo algodão, entre outros.

Para reverter a situação, antes de o escoamento de cereais, grãos e oleaginosas, entre outros produtos, entrar em colapso, o governo federal vem estudando alternativas. Entre elas estão as Parcerias Público-Privadas (PPP), cuja lei que a criou foi sancionada em dezembro de 2004. A medida criará condições para a iniciativa privada investir na recuperação e na construção de estradas, rodovias, portos, aeroportos e centrais elétricas. Em novembro do mesmo ano, o governo chinês sinalizou a intenção de investir US$ 5 bilhões no setor de infra-estrutura no Brasil.

Escoamento pelo Pacífico

A Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) também apresentou, no primeiro semestre de 2004, um projeto ao governo federal. Inclui orçamento de US$ 10 bilhões para a abertura, exploração, produção e industrialização do centro-oeste brasileiro e escoamento comercial pelo Oceano Pacífico. Da soma, US$ 1,8 bilhão destina-se para infra-estrutura, insumos, máquinas e equipamentos para transformação agrícola. De acordo com o estudo, os investimentos elevariam de 71,3 milhões de toneladas, em 2002, para 152,6 milhões de toneladas a produção de milho e soja em 2010.

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