Mercado

BM&F amplia família de produtos

Bolsa estuda lançar contratos futuros de arroz e trigo, elevando para dez o número de papéis. A Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) poderá ampliar sua família de produtos agropecuários ainda neste ano. Por meio da Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), a BM&F já tem estudos adiantados para lançar um contrato de arroz para o mercado à vista. “Nosso objetivo principal é consolidar os contratos de produtos já existentes, como o milho e a soja. Mas, dependendo da demanda, o contrato do arroz poderá evoluir para um contrato futuro”, diz Felix Schouchana, diretor de mercados agrícolas da BM&F. Outro produto que vem sendo estudado com carinho é o contrato futuro de trigo.

A bolsa já pediu à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), ligada à Universidade de São Paulo (USP), que elabore um índice de preços para o arroz. O índice será a base do contrato à vista. No caso do trigo, houve uma sondagem informal dos moinhos, porém o contato ainda é muito inicial.

Se confirmado, o arroz se somaria à família de futuros agropecuários, já composta por café, boi gordo, milho, açúcar, álcool, soja, algodão e bezerro.

Hoje o contrato mais negociado na bolsa é o de café arábica, que movimentou cerca de 600 mil lotes no ano passado. Somados aos contratos de opção, foram negociadas 68 milhões de sacas de café, o correspondente a duas vezes o volume da safra brasileira.

O segundo papel mais negociado é o de boi gordo, que vem crescendo na rasteira das exportações brasileiras. O Brasil deverá fechar o ano com embarques de US$ 3 bilhões, se consolidando como o maior exportador mundial da commodity.

Com o aumento da demanda mundial, cresce a necessidade de hedge (proteção) dos frigoríficos brasileiros. “Quando a carne era um produto que era vendido somente no mercado interno, havia muita sonegação fiscal e, por isso, medo de entrar no mercado futuro, que é um mercado transparente. Com as exportações, o quadro mudou”, diz Schouchana, que participou do 5º Congresso Brasileiro de Derivativos e Mercado Financeiro, em Campos do Jordão.

Segundo Schouchana, em 2003, 26% dos confinadores de gado usavam o mercado de derivativos para se proteger contra as oscilações de preços e do dólar. Em 2004, esse número aumentou para 42%. “Nos últimos quatro anos, quem fixou posições no mercado futuro conseguiu se proteger, atraindo cada vez mais interessados”, acredita. O boi movimenta cerca de 250 mil lotes por ano. Outro fator é que ele é o único dos agrícolas que não tem entrega física.

Outro mercado que vem ganhando destaque é o de milho, que deve passar a perna nos contratos de açúcar e álcool. “O milho é um produto eminentemente de mercado interno. Ao contrário da soja, seu preço não é formado na Bolsa de Chicago. Por isso, a BM&F se tornou uma alternativa muito cômoda”, diz.

Os principais interessados são os grandes abatedouros de aves e suínos, que são os maiores consumidores de milho para ração do Brasil. Schouchana diz acreditar que o aumento no número de armazéns credenciados, onde a mercadoria é depositada, também aumentou a atratividade do papel. Ele estima que o papel, que movimentou 50 mil lotes no ano passado, cresça 40% em volume neste ano.

Os futuros agropecuários crescem ao ritmo de dois dígitos desde que foram lançados nos anos 90. No ano passado, a bolsa negociou pouco mais de 1 milhão de contratos agrícolas, o que representa um aumento de 35% em relação ao ano anterior. O movimento financeiro foi 68% maior, de US$ 7,8 bilhões.

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