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Agromen ajusta foco e eleva aposta em açúcar

O segredo de um bom investimento é nunca guardar todos os ovos no mesmo cesto. O ditado transmitido de pai para filho é seguido à risca por Sergino de Mendonça Neto, que aos 29 anos de idade comanda o grupo Agromen, com sede em Orlândia (SP). Em seu segundo ano de gestão, Neto reviu o foco de investimentos e decidiu aplicar R$ 50 milhões na construção de uma usina em Itumbiara (GO), que deverá dobrar a capacidade da empresa Vale do Verdão Açúcar e Álcool, um dos 12 empreendimentos do grupo.

Em 2004, os maiores aportes foram em sementes, que ganhou uma unidade de beneficiamento em Buritizeiro (MG), 14 pivôs centrais, um secador de espigas de milho em Campo Alegre de Goiás (GO), um novo centro de pesquisas em Ponta Grossa (PR) e uma nova sede administrativa em Orlândia. No total, os investimentos somaram cerca de R$ 12 milhões. “Os recursos para este ano na área ainda serão discutidos, mas serão inferiores a isso”, disse Leonardo Tavares, diretor superintendente da Agromen Sementes.

Além de sementes e açúcar e álcool, os carros-chefes, a empresa produz grãos, tem seis concessionárias de máquinas agrícolas em Minas e São Paulo, um centro de pesquisas em Guaíra (SP), um rebanho bovino de 13 mil cabeças de gado em Turvelândia (GO), um haras de cavalos de salto e um museu de máquinas agrícolas em Orlândia. Ao todo, o grupo reúne mais de 60 fazendas em Minas, São Paulo e Goiás, totalizando 63 mil hectares. “O principal negócio é a agricultura”, afirmou Neto. Mas ele não esconde o gosto especial pela usina, onde começou a trabalhar em 1999, depois de se formar como engenheiro agrônomo.

Para o negócio de açúcar e álcool, Neto estima para este ano crescimento de até 20% na receita da Vale do Verdão Açúcar e Álcool, que em 2004 faturou R$ 200 milhões. A Agromen detém 66% do capital da usina e o restante é dividido entre dois sócios. A usina de Turvelândia (GO) processa por ano 3,8 milhões de toneladas de cana, e produz 3,5 milhões de sacas de açúcar e 185 milhões de litros de álcool. Do total, 800 mil sacas de açúcar são exportadas e, neste ano, o grupo inicia o embarque de 10% do álcool, que irá para Oriente Médio e África. “Já temos um acordo com uma trading para exportar a partir de abril”, afirmou Neto.

A aposta no mercado externo reforçou a decisão de Neto de construir a usina em Itumbiara (GO), que será concluída em 2006. Do valor investido, 60% são recursos da Agromen e 40% vêm dos demais sócios. Para a operação, a empresa solicitou ao BNDES aporte de R$ 25 milhões. No primeiro ano de operação, a usina processará 900 mil toneladas de cana, fornecidas pelos canaviais da Agromen, que planta 40 mil hectares de cana em Goiás.

Em sementes, a Agromen espera crescer de 15% a 20% sobre os R$ 100 milhões faturados em 2004. Leonardo Tavares, superintendente da Agromen Sementes, disse que o resultado será obtido com a venda de sementes de maior valor. A empresa informa deter 10% do mercado brasileiro de sementes, com produção anual de 18 mil toneladas de milho, 9,2 mil de soja e 600 de sorgo.

Os negócios do grupo são vistos da entrada de Orlândia, onde a família mantém o haras, o museu e campos de sementes. A Agromen também produz 90 mil sacas de feijão, 90 mil de sorgo e 1,2 milhão de sacas de soja por ano. Nesta safra, a empresa começou a multiplicar sementes transgênicas da Embrapa, com o objetivo de dominar a tecnologia para desenvolver sementes próprias se e quando os transgênicos forem liberados definitivamente no país.

A Agromen foi criada em 1972 em Guaíra (SP), por José Ribeiro de Mendonça (pai de Sergino Neto), que começou a produzir sementes de milho em 1968 após a morte do pai e a conseqüente divisão da Fazenda São Geraldo entre os dez filhos. Ele comprou a maioria das fazendas dos irmãos e iniciou as operações da Agromen em 1972, com sua esposa, Magda Mendonça.

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