Mercado

Soja faz IGP-M acentuar deflação

A safra da soja e a gripe aviária foram os principais responsáveis pela deflação de 0,10% no Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) na segunda prévia de março. Em igual período de fevereiro, a deflação foi de 0,01%. Nem a alta nos preços dos combustíveis conseguiu evitar a queda na taxa.

O Índice de Preços do Atacado (IPA), principal fator do IGP-M, ampliou a queda para 0,21% na segunda prévia deste mês, ante 0,08% em fevereiro, sob impacto do recuo nos preços das commodities agrícolas.

Salomão Quadros, coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse que o recuo dos preços do atacado refletiu especialmente a redução nos preços da soja, cuja safra levou à queda de 5,19%, resultando na maior contribuição de queda para o índice em março.

O milho, segundo principal impacto, teve queda de 5,09%.

Quadros atribui o recuo do milho à gripe aviária, que está reduzindo as exportações de frango e aumentando a oferta interna, com queda de preços.

Ainda no atacado, o álcool etílico hidratado acelerou a alta para 6,25%. A avaliação de Quadros é de possível continuidade na volatilidade nos preços do produto até a entrada da safra da cana, em abril ou maio.

No varejo, o aumento de 0,10% no Índice de Preços ao Consumidor (IPC) resulta de pressões de produtos alimentícios e dos combustíveis. O item alimentação teve alta de 0,03%, especialmente por causa de acelerações nos preços de produtos in natura (hortaliças e legumes) e da carne bovina.

Quadros avalia que as altas são pontuais e a tendência é de recuo dos alimentícios com a entrada da nova safra.

A gasolina (1,51%) e o álcool combustível (8,44%) também subiram no varejo na segunda prévia. Em igual período de fevereiro, o IPC teve alta de 0,05%.

No caso do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC, 0,19% ante 0,34% em fevereiro), houve reajuste na mão-de-obra (0,12%) e nos materiais e serviços (0,24%).

SÃO PAULO

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) no município de São Paulo, medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da USP, foi de 0,26% na segunda quadrissemana de março, ante 0,16% na primeira prévia.

O coordenador do IPC-Fipe, Paulo Picchetti, revisou ontem a sua projeção para a inflação da capital paulista em março, de 0,3% para 0,4%. A mudança decorre da alta dos preços de alimentos e combustíveis. Podemos dividir a culpa da elevação da estimativa entre esses dois segmentos, comentou Picchetti.

Ele calculou que, se não houver aceleração nos preços do álcool e da gasolina, esses produtos, juntos, devem contribuir com 0,22 ponto porcentual para o índice de março.

Ou seja, um pouco mais da metade do índice previsto para o mês. Apesar da revisão, Picchetti mantém a projeção de que o IPC encerrará o ano em 4,5%.

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