Mercado

Setor de açúcar e álcool puxa contratações na indústria de SP

O setor sucroalcooleiro foi o principal responsável pelo crescimento de 0,31%, na passagem de fevereiro para março, do nível de emprego da indústria paulista de transformação. A participação do setor é relevante e rendeu um saldo de 7,5 mil vagas no mês passado, resultado da geração de 26.933 empregos nas usinas de cana-de-açúcar, contra o corte de 19.433 nos demais segmentos industriais, segundo levantamento divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

“Este é o primeiro crescimento desde setembro de 2008 (+0,41%), quando o índice abandonou o patamar positivo por conta do efeitos da crise mundial”, diz Paulo Francini, diretor do departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp.

Ao considerar os efeitos sazonais, o nível de emprego apresenta queda de 0,2%. “O que pode ser considerado estabilidade. A crise ainda está ai, mas aparentemente a primeira onda que devastou os empregos parece que já passou. Porém, ainda não é possível saber se o pior já passou”, avalia.

No ano, a indústria paulista acumula redução de 2,73% no emprego, o que corresponde a 66,5 mil vagas a menos. Em relação a março de 2008, houve queda de 5,34%.

De acordo com Francini, o crescimento de 23,3% no quadro de trabalhadores do setor de açúcar e álcool entre fevereiro e março reflete uma antecipação das contratações para o período de safra das usinas. “A safra do setor ocorreu em abril, mas as usinas se viram obrigadas a antecipar a geração de caixa por conta da falta de crédito devido à crise”, conclui.

Segundo ele, a prova disso é que o interior paulista registrou uma alta de 1,33% no nível de emprego, enquanto na Grande São Paulo o índice teve uma retração de 1,05%. “Regionalmente os destaques foram Araçatuba (11,03%), Presidente Prudente (9,16%) e Araraquara (10,06%). Na contramão, aparecem São Caetano do Sul (5,18%), Jacareí (4,42%) e Mogi das Cruzes (3,01%)”, revela.

Francini explica que em Araçatuba a contratação foi impulsionada por usinas e fábricas de alimentos. Em Presidente Prudente houve aumento de vagas nas empresas de móveis e sucroalcooleiras. Enquanto na região de Araraquara a fabricação de alimentos e produtos químicos predominou o aumento de vagas. “Esse comportamento evidencia a participação dos segmentos de açúcar e álcool em colheita e usinagem”, diz. Por outro lado, São Caetano (SP) sofreu o corte de vagas nos setor de autopeças e montadoras. Jacareí perdeu vagas em confecções e de máquinas e equipamentos. E Mogi das Cruzes teve menos vagas em fábricas de papel e celulose e metalúrgicas.

O economista conta que com relação a fevereiro, o emprego na indústria apresentou melhora em mais setores, embora ainda esteja num nível ruim. Dos 22 segmentos pesquisados, 16 tiveram corte de vagas, cinco fizeram contratações e 1 manteve o quadro de profissionais. “Ao ver o resultado de março se percebe que a fase pior ficou para trás, mas ainda não se pode falar em recuperação. Estamos chegando em uma estabilidade”, avalia.

Para ele, a recuperação partirá da área externa. “A estabilidade do mundo não vai ocorrer no Brasil, mas sim nos Estados Unidos. Não está nas mãos das autoridades brasileiras projetar quando a crise vai passar. O fim da turbulência se dará nos EUA, onde tudo começou”, conclui, salientando que embora haja uma torcida para a recuperação do nível de atividade, a melhora do cenário mundial dependerá da sobrevivência da economia norte-americana.

(Gazeta Mercantil/Caderno A – Pág. 4)(Vanessa Stecanella/InvestNews

Banner Revistas Mobile