Mercado

Senador dos EUA festeja omissão sobre investimentos

O senador republicano Charles Grassley, um dos maiores opositores da abertura do mercado americano de etanol, comemorou a falta de detalhes no memorando sobre cooperação em etanol assinado ontem pela secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, e o chanceler Celso Amorim. “Estou satisfeito que o memorando não fale explicitamente em construção conjunta de usinas de etanol no Caribe, pelos EUA e pelo Brasil, como haviam dado a entender anteriormente”, disse Grassley em comunicado.

“Eu escrevi para o presidente Bush dizendo que uma proposta desse tipo significaria usar o dinheiro dos contribuintes americanos para subsidiar etanol que poderia entrar nos EUA e competir diretamente com o produto americano.”

O memorando também é vago em relação à maioria das questões, exceto as tarifas – ele especifica que o imposto sobre importação do etanol do Brasil não está em negociação. “Questões relacionadas a comércio doméstico ou tarifas devem ser levantadas em outros fóruns multilaterais, regionais ou bilaterais”, diz o documento.

Em outros pontos, o texto do memorando é impreciso como costuma ser esse tipo de documento presidencial. Ele afirma que Brasil e EUA devem empreender pesquisas conjuntas de uma nova geração de biocombustíveis, apoiando-se em acordos como o Diálogo Comercial Brasil-Estados Unidos (2006). Não especifica de onde virão os recursos para tal.

Segundo o documento, EUA e Brasil vão selecionar terceiros países, por meio de assistência técnica e estudos de viabilidade, para estimular investimento privado em biocombustíveis. Serão selecionados países no Caribe e na América Central para abrigar usinas de etanol. Os estudos serão elaborados em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Fundação Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos. (OEA), segundo informações do Departamento de Estado.

A Comissão Interamericana de Etanol, por exemplo, já iniciou estudos no Caribe. A comissão é liderada por Jeb Bush, irmão do presidente George W. Bush e ex-governador da Flórida – mas não tem ligação com o governo americano.

No âmbito global, o memorando fala da atuação do Fórum Internacional de Biocombustíveis, lançado em Nova York neste mês, para o estabelecimento de padrões internacionais, que vão permitir a formação de um mercado de etanol.

Banner Revistas Mobile