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Seminário CanaMS reúne técnicos de usinas de vários estados

Previsão do tempo para a safra 2023/24 para a cultura da cana foi um dos temas debatidos no evento

Seminário CanaMS reúne técnicos de usinas de vários estados

O 1° Seminário CanaMS de 2023, 8a edição do evento, foi realizado pela Embrapa Agropecuária Oeste e TCH Gestão Agrícola, com apoio da Biosul e Sulcanas, na versão presencial e virtual, no dia 14 de abril, no auditório da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados – MS.

Previsão do tempo para a safra 2023/24 para a cultura da cana-de-açúcar, recolhimento do palhiço, manejo de nitrogênio, transporte e qualidade da matéria-prima, fertilizantes e bioinsumos foram os temas debatidos na ocasião.

Além disso, o público virtual pôde acompanhar entrevistas feitas durante os intervalos no podcast AgroCiência, comandado pelo professor Fábio Mascarenhas, da UFGD, em parceria com a Embrapa Agropecuária Oeste, com a participação do pesquisador Cesar José da Silva e do gestor da TCH Gestão Agrícola José Trevelin Jr.

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“Este sempre foi um evento técnico, com os temas de palestras sugeridas pelo setor sucroenergético, que tem como um dos focos a sustentabilidade. Além dos resultados de pesquisa para a cultura da cana-de-açúcar, vemos também que este é um momento de fazer intercâmbio de conhecimentos entre os participantes, de aprender um com os outros, e também podermos pontuar pautas para novos trabalhos”, disse o chefe-geral da Embrapa Agropecuária Oeste, Harley Nonato de Oliveira.

Ele enfatizou que o seminário é um evento que se preocupa com as causas sociais e “mostra que o setor é diferenciado”. Isso porque os apoiadores e patrocinadores incluíram na programação uma apresentação do Hospital do Amor, de Barretos – SP, por Rubiquinho de Carvalho, convidado especial da Euroforte. O hospital existe em outras localidades do Brasil e está em construção em Dourados, MS. “Tem caráter de sensibilidade fundamental”, afirmou Oliveira, agradecendo pelas parcerias.

Cases de sucesso de Mato Grosso do Sul, tecnologias vindas de fora, assuntos desenvolvidos pela própria Embrapa, esse evento é um momento de interação gigante desde 2016”, pontuou José Trevelin Jr., gestor da TCH Gestão Agrícola.

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Harley Nonato de Oliveira, na abertura do Seminário CanaMS (Foto Sílvia Zoche Borges)

O agrometeorologista e engenheiro agrônomo da Rural Clima, Marcos Antônio dos Santos, falou sobre a previsão do tempo. “O El Niño vai chegar ou não? Vem geada para Mato Grosso do Sul?”.

Segundo ele, a resposta para a primeira pergunta é de que “nos próximos 24 meses, há possibilidade de formação de El Niño (quando as águas do Oceano Pacífico aumentam de temperatura e traz chuva). Ainda não é possível saber a intensidade. Acredita-se que apareça mais para o final, mas não é certo”.

Santos ressalta que a maioria das pessoas baseiam suas tomadas de decisão no campo somente pela presença ou não dos fenômenos El Niño e a La Niña, porém, enfatizou que diversos fatores de clima devem ser analisados. “E La Niña e El Niño não são algo que acontecem de forma instantânea. Ainda estamos na neutralidade”.

O agrometeorologista informou que, historicamente, os fenômenos acontecem da seguinte forma: três anos seguidos de La Niña são sucedidos por um ano de El Niño. No cenário atual, o oceano Pacífico está se aquecendo em processo rápido. A região 2 está quente e chuvas mais regulares no Chile, entrada de frentes frias para a região mais sul do Brasil.

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“A quantidade de chuva ao longo dos próximos 15 dias de abril para MS é alta. Para o setor da cana, está complicando o início da safra. Favorece o desenvolvimento e o plantio, mas atrapalha a colheita. O ATR não está querendo subir”, constatou.

Segundo o agrometeorologista, vai haver algumas pancadas de chuvas por mês, o que pode atrapalhar muito o dia a dia da usina, como a moagem e o estoque. “Mas já sabendo de antemão, dá para se planejar melhor”, alerta.

“E a geada? A Rural Clima só liberta alerta de geada com sete dias de antecedência. Antes, é proibido. Pode até falar que tem massa de ar polar, mas existem vários fatores que podem contribuir ou mitigar os efeitos de uma geada. Massa de ar polar é o grande combustível para geada, porém, também são necessários umidade, vento, nebulosidade que pode contribuir ou mitigar os efeitos da geada. As grandes geadas se dão com céu aberto”, afirmou Santos. Outro fator levantado por ele é a parte nutricional da planta.

Mesmo assim, ele falou de um dos períodos mais críticos para geada no Brasil: do dia 20 de maio até 10 de junho. “Não estou falando que vai gear, mas é preciso ter ‘olhos de lince’ nesse período. Uma massa de ar polar deve avançar um pouco mais no Brasil. É para ficar de olho para tomar algumas ações”, alertou.

O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Carlos Hissao Kurihara, apresentou resultados de projeto realizados em parceria com a Adecoagro, na Usina Angélica, em Angélica – MS. Este trabalho foi executado em parceria entre os pesquisadores Kurihara, Luís Staut e Cesar José da Silva.

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Potássio – O potássio é um elemento que é extraído em grande quantidade pela cana. O mineral regula a abertura e fechamento dos estômatos, transpiração (aumenta a eficiência) e resulta em melhoria no transporte de sacarose pela planta. Também confere resistência a geadas, seca, doenças, acamamento e contribui com a melhoria da produção industrial da cana.

Já o excesso de absorção pode causar desbalanço nutricional, induzindo à deficiência de cálcio e magnésio, ao atraso na concentração de sacarose e ao aumento dos teores de cinza no açúcar.

Palhiço – O palhiço pode contribuir para a manutenção da umidade do solo. Com a camada de palhada, há redução de impacto das chuvas no solo, menor escorrimento de água no solo e menor perda de água e solo por erosão. Contribui para a redução de planta daninha no sistema. Como contém nutrientes, devido à decomposição do resíduo vegetal, pode contribuir para a reciclagem de nutrientes (principalmente K, Mg e Ca), sobretudo nos ponteiros.

O palhiço tem poder calorífico alto e maior que o bagaço. Há interesse na cogeração de energia desse material, desde que o preço seja menor que o custo. “A demanda pela cogeração de energia também será aumentada à medida em que se viabiliza a tecnologia de produção de etanol a partir de celulose (etanol de segunda geração)”, acrescenta Kurihara.

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Experimento – Os pesquisadores conduziram um experimento em parceria com a Adecoagro para avaliar o efeito da adubação potássica em ambiente restritivo, em condições de ausência ou presença de recolhimento de palhiço.

Foi instalado em área de reforma no distrito de Ipezal, em Angélica – MS. Realizaram dois tipos de manejo de palhiço (com recolhimento e sem recolhimento), cinco doses de potássio (0, 75, 150, 225 e 300 kg/ha de KO) e quatro blocos.

A conclusão é que o recolhimento do palhiço influenciou a disponibilidade de potássio no solo e tendeu a diminuir a altura de plantas, o diâmetro de colmos e a produtividade da cana; já a manutenção do palhiço propiciou máxima produtividade de colmo com menor dose de potássio; em ambiente restritivo, de baixa fertilidade, a indicação de adubação potássica, comumente adotada, de aplicar quantidade de K2O equivalente a 1,3 vezes a produtividade esperada (1,3 x TCH) não permite a obtenção do pleno potencial produtivo da cana.

José Trevelin Júnior (Foto Sílvia Zoche Borges)

Foram apresentados também resultados de pesquisa da Euroforte sobre a evolução do nitrogênio na cana-soca, palestra ministrada por João Pedro Alves dos Santos e Flávio Pompei; da Usina Eldorados – Atvos, sobre o equilíbrio entre rendimento operacional e qualidade da matéria-prima no corte, transbordo e transporte (CTT), pelo palestrante da empresa Renato Modesto de Oliveira; da Hinove, com William Trevisan, sobre fertilizantes especiais para a cana-soca; do Centro Universitário Moura Lacerda, foi explanado pelo professor Alexandre de Sene Pinto, o tema sobre uso inovador de bioinsumos nos canaviais.

O evento foi gravado e é possível assistí-lo pelo Canal da Embrapa no Youtube: https://bit.ly/3MmAiok

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