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Secretário dos EUA diz que seria vergonhoso não aprovar tratado

O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Carlos Gutierrez, afirmou hoje, sexta-feira, que para seu país seria “um pouco vergonhoso” não conseguir a aprovação do tratado de livre comércio com a América Central e a República Dominicana.

“É um pouco difícil de explicar e um pouco vergonhoso pensar no que vamos dizer se eles (os países da região) não conseguirem ter o Cafta-DR (siglas do tratado em inglês)”, disse Gutiérrez em reunião com representantes da comunidade dominicana em Nova York.

O acordo de livre comércio foi assinado em maio do ano passado entre EUA, Costa Rica, Nicarágua, El Salvador, Guatemala e Honduras e mais tarde contou com a adesão da República Dominicana. Até agora só El Salvador, Guatemala e Honduras o ratificaram.

Nos EUA, a ratificação do tratado enfrenta sérios obstáculos no Congresso, como a oposição de boa parte dos legisladores do Partido Democrata e até de alguns membros do Partido Republicano. “O que vamos dizer? – perguntou-se o secretário de Comércio – “Vão buscar um novo parceiro? Fizeram um bom trabalho para conseguir ter democracia, eleições livres e livre iniciativa, mas já não nos interessa. Voltem aos anos 80?”.

Gutierrez, que está envolvido numa forte campanha para assegurar os votos que permitam aprovar o tratado no Congresso dos EUA, fez uma defesa de seus benefícios para as empresas e trabalhadores americanos.

“Vamos continuar falando com todas as pessoas que estão envolvidas nisto e que podem nos ajudar a continuar expressando e comunicando a realidade do Cafta-RD, que é um acordo muito saudável e que traz grandes benefícios para todo o país”, declarou Gutierrez após o encontro.

Segundo Gutierrez, o tratado ainda não tem data para ser submetido à votação no Congresso.

A maior oposição enfrentada pelo tratado é dos setores açucareiro e têxtil dos EUA.

Gutierrez destacou, no entanto, que grupos como o Conselho Nacional de Associações Têxteis já saíram em defesa do tratado “porque eles estão vendo que é uma forma de manter o emprego que temos hoje em dia”.

O secretário lembrou que os atuais acordos têxteis que existem com países centro-americanos terminam em 2008. Por esses acordos, os americanos vendem tecidos para a fabricação de roupas nestes países e em seguida importam as roupas.

A partir dessa data, explicou Gutiérrez, se não houver um tratado de livre comércio, os fabricantes de roupa da região poderão recorrer à China e comprar tecidos da Ásia.

“Não quero estar daqui a quatro anos me perguntando como foi que deixamos isso acontecer”, disse o secretário de Comércio.

Sobre o açúcar, Gutierrez insistiu que o acordo estabelece cotas muito pequenas de importações desse produto, por isso não existe risco para o setor dos EUA.

“Os benefícios para setores como milho, trigo, carne, algodão, serviços e manufaturas são muito grandes, e não achamos que seja justo deter estes benefícios porque há uma indústria que tem preocupações que não sentimos que sejam válidas”, explicou Gutierrez.

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