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Seca no Brasil e consumo da China pesam nas cotações

Seca no Brasil e consumo da China pesam nas cotações

O último relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em 9 de maio, traz as previsões de produção, consumo e estoques para as principais culturas. Com base nesses números e nas previsões climáticas, o mercado procura estimar as tendências de oscilação de preço das principais commodities, com dados de oferta e demanda globais e variação das cotações em Chicago, Londres ou Nova York.

As estimativas são de crescimento de 5,6% na produção global de soja ante a safra 2013/2014, e queda de 7% no Brasil. Em função da seca no Sudeste e das chuvas na época da colheita (fevereiro e março) em Mato Grosso, houve uma quebra de 6 milhões de toneladas. Isso fez com que o preço oscilasse de US$ 12,50/US$ 13,50 o bushel em dezembro, quando ainda se esperava uma super safra, de uma cotação média atual de US$ 14,95 o bushel na Bolsa de Chicago.

“Em dezembro, acreditava-se que o preço fosse despencar para US$ 10. Isso porque, como o milho estava pouco rentável, muitos produtores abandonaram essa cultura para plantar soja. Mas, com a quebra da safra brasileira e uma forte demanda da China – que atingiu um consumo de 80 milhões de toneladas -, o preço disparou”, explica Guilherme Affonso Ferreira Filho, analista da Teorema Gestão de Ativos.

“Com a perspectiva de queda de preço em setembro, os produtores de soja brasileiros estão antecipando os embarques para aproveitar o preço alto atual”, diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).

A produção global de milho deve se manter no mesmo patamar da safra 2013/2014, quando atingiu 978 milhões de toneladas. De acordo com o USDA, o Brasil terá uma ligeira redução de 75 para 74 milhões de toneladas. O preço está em US$ 4,95 o bushel, mas poderá subir na próxima safra porque os produtores estão reduzindo a produção para plantar soja a US$ 14,95 o bushel. A demanda cresce a 2,5%, puxada pela China – 218 milhões de toneladas, chegando possivelmente a 222 milhões de toneladas na safra 2014/2015.

Os movimentos do país asiático também deverão afetar o mercado de algodão. A grande questão é que o país conta com um estoque de 20 milhões de toneladas, o equivalente a 80% da produção mundial, que vai atingir 25,33 milhões de toneladas, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). O preço atual é de US$ 0,97 por libra/peso (453 kg).

O estoque chinês foi formado como estratégia do governo para estimular a produção local com preços acima do mercado. Mas o país alterou a política há três meses, anunciando que deixaria de comprar dos produtores locais. Havia receio de que a China passasse a vender o estoque, derrubando os preços, mas isso ainda não acontece. O relatório do USDA informa que a expectativa é de que as importações chinesas deverão cair em um terço e o comércio global poderá ter uma redução de 10%.

Já o café, segundo dados da Organização Internacional do Café (OIT), atingiu uma produção de 145,7 milhões de toneladas em 2013/2014. Mas ainda não há projeções oficiais para a próxima safra. A MB Agro estima uma produção de 144,9 milhões de toneladas e um consumo de 145,7.

O mercado de café está bastante volátil diante da divulgação de diferentes estimativas para a safra brasileira de 2014/15. O USDA avalia que o país colherá 49,5 milhões de sacas, enquanto a Conab calcula que a produção somará 44,57 milhões de sacas. “O Brasil é o maior produtor de café, e, por conta da seca no verão, o preço explodiu, passando de US$ 0,110 a libra/peso para a média de US$ 0,186 a libra/peso. Nossas projeções futuras apontam que o preço poderá chegar a US$ 0,204”, calcula José Carlos Hausknecht sócio diretor da MB Agro.

Ele estima que o açúcar poderá ter redução de 3,8 milhões de toneladas, atingindo 170,8 milhões na próxima safra. O consumo deve subir de 170,8 milhões de toneladas para 171,8 milhões, e o estoque vai oscilar dos atuais 65,1 milhões para 64,1 milhões de toneladas. “De 2012 para 2013, o Brasil aumentou a produção, atingindo 37,3 milhões em 2013. Isso fez com que o preço caísse de US$ 0,2158 para US$ 0,1748. Para 2014, prevemos queda da produção para 36,3 milhão por causa da seca. Com isso, o preço deve oscilar em torno de US$ 0,1785.”

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