Mercado

Retomada de superávit com os EUA enfrenta barreiras

A visita da presidente Dilma Rousseff a Washington teve como foco a recuperação da economia americana e as oportunidades comerciais com os EUA. Nas conversas com o presidente Barack Obama, Dilma deixou claro que quer aproveitar a proposta de parceria para reverter o déficit de US$ 8,3 bilhões em 2011. Mas, para isso, é preciso levantar barreiras comerciais impostas ao Brasil, o que não ocorreu até agora com frutas, suco de laranja e etanol.

As promessas nesse sentido não saíram do papel, e o último superávit brasileiro com os EUA se deu em 2008: US$ 1,8 bilhão.

Apesar da boa vontade demonstrada por autoridades americanas, ninguém aposta em concessões a curto e médio prazos, devido à proximidade das eleições presidenciais, em outubro.

– Em ano de eleição não há possibilidad e de concessões. Mas o encontro foi simbólico e mostra que as relações entre EUA e Brasil estão indo muito bem – destaca o professor Virgílio Arraes, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (Unb).

Animados com a alta de mais de 40% das exportações para os EUA, governo e empresários tentam tirar o Brasil do desconfortável 17 lugar entre os principais fornecedores de bens para o mercado americano. E o Brasil ocupa o oitavo lugar entre os maiores mercados de destino de produtos dos EUA.

– É pagar para ver. A economia americana é muito mais fechada do que se diz, e a dificuldade de se colocar produtos do agronegócio é prova disso. Há uma barreira quase intransponível para frango, suco de laranja e tabaco – diz o economista Fábio Silveira, da RC Consultores.

O fato de o fim da barreira ao etanol ainda não ter se concretizado não tem importância agora, em que o Brasil se tornou importador de álcool dos EUA.

– Seria bom se o Brasil pudesse vender etanol sem restrições. Significa deixar a porta aberta de um comércio para daqui a três, quatro anos – observa Silveira.

Para o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, há um novo perfil do governo, mais pragmático do que o do ex-presidente Lula.

– Estamos voltando ao que era antes de Lula. Mal se falou em reforma do Conselho de Segurança da ONU. A presidente Dilma mostrou que sua prioridade é comercial e não ideológica.

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