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Retomada de ativos de usinas paralisadas tende a crescer em 2024

Segundo o consultor Rodrigo Aguiar, essa deve ser uma tendência, principalmente em regiões com excesso de cana

Retomada de ativos de usinas paralisadas tende a crescer em 2024

A recuperação financeira no setor bioenergético, observada na safra atual após um longo período de adversidades climáticas, sugere uma tendência de reativação de ativos industriais em usinas paralisadas. Essa expectativa, especialmente forte em regiões com superávit de cana, é compartilhada por Rodrigo Aguiar, sócio da Íntegra Associados e especialista em reestruturação empresarial.

Aguiar ressalta que, após enfrentar crises impulsionadas por diversos fatores, o setor começou a se recuperar financeiramente com a sincronização dos preços da gasolina aos padrões internacionais. “Desde então, o setor gerou significativo fluxo de caixa e recuperou sua saúde financeira. Embora o preço do açúcar apresente recuo atualmente, a expectativa é de estabilização pós-Consecana, assegurando margens positivas”, ele explica.

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Rodrigo Aguiar, sócio da Íntegra Associados

O consultor tem forte expertise no setor de açúcar e etanol que hoje vive uma grande fase e que terá a primeira safra acima da capacidade de moagem. O que, inclusive, impulsionou o fenômeno do special series, ativos com diferenciais competitivos que merecem ser retomados, geralmente plantas paradas em processo de recuperação judicial ou falência, mas blindadas do processo.

Rodrigo Aguiar destacou o exemplo da Usina Revati (Renuka), situada em Brejo Alegre – SP, para ilustrar a situação de algumas usinas. Essa usina específica foi objeto de um leilão, no qual a Íntegra Associados emergiu como compradora inicial. No entanto, o acordo não foi finalizado.

“Participamos do leilão organizado pela Renuka, forçada a vender sob a modalidade de UPI (Unidade Produtiva Isolada) – um conceito definido pela Lei de Recuperações e Falências, permitindo a venda de ativos sem encargos sucessórios. Embora tenhamos vencido o leilão, impusemos certas condições prévias, como a aprovação dos credores para a liberação dos ativos. Infelizmente, não obtivemos essa aprovação e, consequentemente, tivemos que abandonar o negócio”, detalhou Aguiar.

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Ele ainda acrescentou: “Atualmente, a usina está inativa, mas há um consenso geral de que ela será reativada. Considerando sua capacidade massiva de processamento – cerca de 4,5 milhões de toneladas – é praticamente certo que a Usina Revati voltará a operar em breve”.

O consultor menciona casos de sucesso da Íntegra, como a retomada da Bahia Etanol e da Enersugar, esta última alcançando um aumento de quase 50% na moagem de cana em comparação ao ano anterior.

“Essa trajetória de recuperação financeira tem visto várias usinas, antes paralisadas, retomarem operações. Não foram poucas. Vejo um futuro promissor para o setor”, afirma Aguiar.

Ele reforça a tendência de retomada de ativos devido à abundância de cana nesta safra. “Houve uma inversão: a quantidade de cana disponível supera a capacidade de moagem. Isso indica que ativos em regiões privilegiadas retomarão operações para aproveitar esse excedente”, avalia.

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Aguiar também vê potencial nas regiões de Rio Preto, São Carlos e Ribeirão, onde o custo de reativação é baixo, sugerindo futuras operações.

O consultor é otimista quanto ao futuro do etanol como commodity, impulsionando o setor. “Se o etanol se tornar uma commodity global, isso catalisará investimentos no setor brasileiro de açúcar e etanol. Há um grande potencial para expansão, esperando-se que o setor alcance a marca de um bilhão de toneladas de cana moída”, conclui Aguiar.

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