Mercado

Queda das commodities dá fôlego a empresas dos EUA

Os preços mais baixos das commodities, do algodão ao cobre, estão ajudando as empresas dos Estados Unidos, já que reduzem os custos com matérias-primas, e encorajando consumidores a comprar. O preço do cobre, usado em vários produtos, incluindo eletrônicos, caiu quase 10% até agora neste ano. A prata despencou mais de 25%, e o trigo mais de 10%.

Embora os preços em queda das commodities sejam um pesadelo para os produtores e os países que dependem da exportação de matéria-prima, eles são bons para a fabricante americana de roupas Alabama Chanin. Os preços do algodão estão ligeiramente mais altos este ano, mas cerca de 50% menores desde o salto ocorrido há dois anos. O custo do algodão orgânico – um produto de nicho que a Alabama Chanin usa nas suas mercadorias – tem praticamente seguido essa oscilação de preços.

“Nós tentamos repassar essa redução de preços aos nossos consumidores, o que obviamente nos ajuda a fazer nosso negócio crescer”, diz Natalie Chanin, proprietária da empresa, que emprega 14 pessoas. Mais importante, diz ela, é que os custos mais baixos estão permitindo que a companhia invista mais em outras áreas – incluindo planos para abrir uma loja de varejo no próximo ano.

As commodities mais baratas têm um lado negativo, já que elas refletem um fraco crescimento da economia global. Mas elas também atuam como um sutil estímulo econômico. Consumidores pagando menos por roupas têm mais dinheiro para gastar com carros e jantares fora.

Preços mais baixos das commodities estão ajudando a manter a inflação americana sob controle. Os preços ao consumidor dos EUA subiram apenas 1,1% em abril em relação a um ano antes, bem abaixo da meta do Federal Reserve, o banco central, de cerca de 2%. Na mais recente pesquisa realizada pelo The Wall Street Journal com economistas, 47,5% disseram que os fracos preços das commodities eram um sinal preocupante, mas 52,5% viram um indício encorajador de custos mais baixos para empresas e consumidores.

Os preços menores das commodities “serão um vento a favor, um suave vento a favor”, diz Nariman Behravesh, economista-chefe da IHS, que prevê agora que o PIB dos EUA vai crescer entre 2,5% e 3% no longo prazo – em vez de 2% a 2,5% -, por causa dos preços mais baixos de commodities, especialmente energia.

Desde que a recuperação dos EUA começou em meados de 2009, a economia tem crescido a uma taxa anualizada de, em média, apenas 2%.

Por outro lado, os benefícios da queda dos preços das matérias-primas podem ser parcialmente eliminados pela China – onde uma desaceleração da economia tem efeitos globais. Na semana passada, um relatório mostrou que a atividade industrial no país está encolhendo em maio, potencialmente criando mais pressão para as commodities.

Desde o fim dos anos 90, os preços das commodities industriais têm, de modo geral, aumentado graças a um longo período de baixos investimentos em campos de petróleo e minas e ao crescente apetite de economias emergentes. Os preços do cobre mais que quadruplicaram entre o fim dos anos 90 e a crise financeira global de 2008, em meio à insaciável demanda da China – maior consumidor mundial de metal.

Alguns economistas temem que a redução no ritmo de crescimento da China possa enfraquecer um pilar chave da demanda na economia global. Custos mais baixos para as empresas americanas, na opinião deles, podem ser ofuscados pela menor demanda.

No momento, os problemas da China não parecem estar causando danos. Uma análise das teleconferências de empresas sobre os resultados do primeiro trimestre feita pelo Goldman Sachs verificou que a forte queda nos preços das commodities ajudou muitas empresas. A companhia de alimentos General Mills Inc. e a Corning Inc., que fabrica materiais para eletrônicos e equipamentos para laboratórios médicos, estão entre as beneficiadas.

Varejistas do setor de vestuário como a Nike Inc., Gap Inc. e Target Corp. afirmaram que a queda nos preços do algodão ajudou a compensar o aumento dos salários na China e em outros lugares onde fabricam seus produtos.

A fabricante de roupas Hanesbrands Inc. também se beneficiou. Preços mais estáveis do algodão acrescentaram 7,4% na margem bruta de lucro no primeiro trimestre, informou a empresa.

Os preços mais baixos da energia, impulsionados em parte pelo rápido crescimento da produção de óleo e gás nos EUA, está tornando algumas companhias americanas mais competitivas no exterior, assim como atraindo investimentos de empresas estrangeiras em busca de custos menores.

“Investimentos na América do Norte que antes não faziam sentido economicamente agora são mais viáveis com o gás de xisto e os baixos preços do gás natural”, disse Fried-Walter Münstermann, diretor financeiro da BASF Corp., subsidiária americana da empresa química alemã BASF SE, que no ano passado anunciou planos de construir uma fábrica no Estado de Louisiana.

Banner Revistas Mobile