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Qual o real custo de produção de cana?

O tema foi pauta da mais recente edição do podcast da Canaoeste, com presença do consultor e diretor da Pecege João Rosa, o Botão

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A determinação do custo real de produção da cana-de-açúcar continua sendo uma questão complexa e, muitas vezes, mal compreendida pelos produtores.

Esse tema foi o foco central da última edição do Canaoestecast, o podcast da Canaoeste, que contou com a participação do renomado consultor em custos e diretor da Pecege Consultoria João Rosa, conhecido como Botão.

Em uma discussão de quase uma hora com o executivo da Canaoeste, Almir Torcato, Botão abordou uma série de tópicos relevantes, incluindo os custos da cana, a precificação do Consecana e as perspectivas para a safra 2024/25.

Botão, consultor e diretor da Pecege Consultoria, que tem mais de 15 anos de experiência na área de levantamento de custos e de projeção de mercado para o setor sucroenergético, estima que apenas 5% dos produtores têm uma compreensão clara do custo real de sua produção de cana.

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Durante a conversa, Botão destacou a diferença entre o fluxo de caixa e o custo de produção, enfatizando a importância de calcular corretamente os custos para uma gestão eficaz. Ele também ressaltou a necessidade de separar as despesas familiares das despesas relacionadas à atividade profissional, uma prática essencial para uma gestão financeira eficiente e para facilitar o acesso a financiamentos. “Acho que exercitar a gestão no sentido de não olhar só o fluxo e começar a calcular o custo é fundamental”, avalia o consultor.

Com relação à divisão dos custos diretamente ligados à produção de cana-de-açúcar, Botão compartilhou dados da safra 2022/23, destacando que a maior parte dos gastos se destina à parte operacional, incluindo despesas com diesel, maquinário, mão de obra e insumos agrícolas.

“Nesta safra, os custos foram estimados em R$ 170,00 por tonelada. 44% do recurso vai para pagar a operação. Então, vai para pagar diesel, vai para pagar maquinário, vai para pagar mão de obra. 30% são destinados aos insumos agrícolas, que incluem fertilizantes, defensivos, inseticidas, herbicidas, maturador, muda, e 20% é custo com arrendamento”, informou Botão.

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Torcato, gestor da Canaoeste, lembrou o compromisso da associação com a gestão eficiente das propriedades rurais, destacando a importância do controle de custos e do fluxo de caixa para alcançar a certificação Bonsucro, por exemplo. Ele também anunciou que a primeira safra da Canaoeste, com 1,2 milhão de toneladas de cana certificada, está prevista para abril.

Botão ressaltou a importância de um controle rigoroso dos custos para os produtores, enfatizando a evolução dos métodos de gestão, desde o simples caderninho até o uso de planilhas Excel e de softwares especializados. Ele destacou o papel fundamental das certificações na promoção de práticas de gestão eficazes.

Quanto às perspectivas para a safra 2024/25, Botão previu uma boa safra, apesar da expectativa de redução na produção devido à irregularidade do clima e ao envelhecimento do canavial. Ele apontou desafios, mas também oportunidades para o setor sucroenergético no próximo ciclo de produção.

“O clima não está sendo tão bom, em termos de regularidade de chuva, como foi no passado. E também o nosso canavial, este ano, está mais velho”, explicou.

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