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Quais os impactos no mercado se a Índia surpreender e oferecer mais disponibilidade de açúcar e o Brasil também produzir mais?

Qualquer um dos casos, ou a combinação de ambos, significaria que a tendência baixista está ganhando forças, segundo análises da hEDGEpoint Global Markets

Quais os impactos no mercado se a Índia surpreender e oferecer mais disponibilidade de açúcar e o Brasil também produzir mais?

Existem dois principais “e se” que estão incomodando o mercado e, em relatório divulgado nesta semana, a hEDGEpoint Global Markets, explora o que aconteceria com os fluxos comerciais se um deles pudesse acontecer. Ou ainda, quais seriam os possíveis efeitos de sua combinação?

A hEDGEpoint Global Markets pontua que ainda está sendo conservadora em relação às safras do Hemisfério Norte. “A má previsão do tempo em safras já penalizadas por adversidades nos faz apostar em uma estagnação ou, no máximo, em uma recuperação marginal para muitos produtores, como Índia, Europa e Centrais. A Tailândia é a única que já nos permitimos considerar uma quebra relevante para 23/24. O motivo é que o clima já afetou o desenvolvimento da cana, além de uma redução de área de pelo menos 4% devido aos preços mais altos da mandioca. Também consideramos que as chuvas no Centro-Sul brasileiro podem impedir que o ritmo de moagem continue acelerado até o final da safra 2023/24, limitando a produção”, explica a companhia em novo relatório de Açúcar.

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Essa visão conservadora parece ser precificada pelo mercado, já que o aumento da disponibilidade brasileira de curto prazo induz os preços do contrato de outubro a permanecerem abaixo dos de março, o principal contrato para a entrega incerta do Hemisfério Norte.

E se o CS brasileiro produzir mais?

Atualmente, a hEDGEpoint considera que o CS brasileiro irá moer 595Mt e produzir 37,6Mt do adoçante, mas e se o clima continuar favorável para a moagem? Até agora, os dados do CTC (Centro de Tecnologia Canavieira) mostraram que os rendimentos da cana estão melhorando ano a ano.

Supondo um cenário de estresse em que a região consiga moer 610Mt de cana e produzir 38,5Mt de açúcar, a disponibilidade internacional também aumentaria, principalmente no segundo semestre de 2023, de acordo com o relatório.

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“Como resultado, neste cenário, o contrato de outubro enfrentaria uma tendência de baixa, possivelmente negociando em uma faixa inferior (21-23 USc/lb). No entanto, março pode permanecer com suporte, pois é o principal contrato para entrega no Hemisfério Norte, e a disponibilidade da região permanece incerta – adicionando pressão ao spread V/H”, diz Lívea Coda, analista de Açúcar e Etanol da hEDGEpoint Global Markets.

Para entender a possibilidade de uma maior recuperação da cana no CS, segundo a analista, a produtividade realizada de julho é essencial. “Para que esse cenário se concretize, o clima deve ficar mais seco do que o previsto atualmente. Portanto, um inverno e uma primavera mais chuvosos ainda devem adicionar um limite à moagem total dentro de 23/24, impedindo que a cana atinja 610Mt mesmo com melhorias significativas de produtividade, além de comprometer sua qualidade”, explica.

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E se a disponibilidade na Índia for maior do que o previsto?

Segundo a analista, a temporada de chuvas começou e, embora menor do que nos anos anteriores, a cana parece estar melhorando.

“Enquanto estimamos 31,4Mt de produção de açúcar em 23/24, o mercado está começando a considerar uma visão mais otimista. Se o país conseguir chegar a produzir 33,5Mt, em termos de estoque, seria possível exportar cerca de 4Mt, um aumento de 1,5Mt em relação à nossa estimativa atual. Porém, como vimos discutindo, a decisão não cabe apenas ao mercado e às usinas. Os estoques domésticos estão baixos e devem terminar 22/23 abaixo do nível de consumo de 3 meses. Portanto, o governo pode demorar antes de decidir sobre as cotas de exportação. Até que o governo se sinta confortável o suficiente para tomada de decisão, as usinas já teriam iniciado sua moagem e reabastecido uma quantidade relevante”, pontua.

O relatório ponta que no caso-base, a hEDGEpoint também permanece conservadora quanto ao ritmo de exportação, assumindo que algum volume pode ser exportado no final do primeiro trimestre e no início do segundo trimestre de 2024.

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(Foto: Divulgação)

“Mas nesse caso de estresse, vamos supor que, embora o volume de exportação seja maior, as cotas só sejam liberadas no final de fevereiro. Nesse caso, o açúcar indiano só chegaria ao mercado internacional no final do segundo trimestre, início do terceiro trimestre. Este comportamento não alteraria o spread V/H, apenas daria suporte à inversão da curva de março em diante, significando que o carrego é restrito aos dois primeiros contratos. Esse comportamento é um reflexo do fato que, nesse exercício, a Índia estaria pronta para inundar o mercado no segundo trimestre – derrubando o contato de maio 24”, afirma Livea Coda.

Para ela, se, no entanto, o governo permitir cotas antes de fevereiro, em parte poderá se ver um pequeno aperto em todos os fluxos comerciais, aliviando o déficit de 993kt no primeiro trimestre de 2024 e o superávit de 1,2Mt no segundo trimestre de 2024. Nesse caso, a curva encontraria estabilidade, mas em uma faixa muito menor. Os preços podem finalmente cair abaixo do nível de 20 USc/lb.

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E se ambos acontecerem?

Se o Brasil conseguir atingir 610Mt de moagem e o governo indiano permitir a exportação de 4Mt até o final de fevereiro, então a frente baixista ganha força. Nesse cenário, o Brasil manteria os preços em uma faixa inferior e o único contrato com algum suporte seria março 23 – considerando apenas a safra 2023/24.

“Claro, esta análise considera muitos “ses”. Por exemplo, qualquer antecipação da liberação de cotas do governo da Índia poderia aliviar os picos de fluxos comerciais e induzir uma visão muito mais suavizada, assim como quaisquer mudanças marginais na sazonalidade ou disponibilidade de outros países. Se estiverem mais próximos de apertados, os preços podem ser negociados em uma faixa inferior à atual, mas ainda é bastante difícil imaginar que possam voltar aos níveis de 2019. Ainda mais considerando que o consumo continua crescendo, o clima está mudando e os investimentos estão cada vez mais caros”, observa.