Mercado

Projetos de etanol com os japoneses ficam no papel

O Japão continua sendo apenas uma promessa para os produtores de álcool brasileiros. Apesar do reiterado interesse de Tóquio, o programa de adição do combustível à gasolina vendida no país não saiu do papel, assim como os grandes investimentos anunciados por grupos japoneses em usinas no Brasil.

A proverbial cautela japonesa diante de decisões importantes – a inclusão do etanol em sua matriz energética – explica em parte a paralisia. Mas, para especialistas e usineiros, ela pode significar muito mais: o cancelamento de vários projetos e um freio às pretensões brasileiras de contar com as vendas ao Japão para entrar em outros mercados da Ásia, como a Coréia do Sul.

O projeto mais ambicioso até agora foi a parceria da Mitsui com a Petrobras para construção de 40 usinas, cuja produção seria toda destinada ao mercado japonês, com investimentos de US$ 10 bilhões. Caso a mistura de 3% de etanol fosse adotada no Japão, a demanda inicial seria de 1,8 bilhão de litros anuais, com a possibilidade de saltar para 10 bilhões de litros se a adição do etanol chegasse a 10%. Com a demora na execução, os projetos das companhias japonesas no Brasil estão indo para a mesma gaveta de outras unidades anunciadas no país, por conta da queda nos preços do açúcar e do álcool.

Das 40 usinas, Petrobras e Mitsui afirmam analisar cinco unidades. Duas delas com o grupo paulista Equipav. No entanto, segundo Newton Salim Soares, diretor-superintendente do grupo, ainda não há nada decidido. “O assunto está em pauta, ninguém desistiu, mas não há nada concreto”, diz.

A trading Itochu fechou acordo em 2006 com a Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf) e a Companhia de Promoção Agrícola para realizar estudos sobre a implantação de projetos de biocombustíveis até 2008. Os planos continuam no papel. Na prática, só a trading Mitsubishi tem negócios com álcool no Brasil. Em março, o grupo acertou a compra, por 30 anos, de 30% da produção de álcool industrial – do qual o Japão já é um importador tradicional do Brasil – da usina Boa Vista, construída pelo grupo São Martinho. No mesmo acordo, a São Martinho vendeu uma participção de 10% na usina para a Mitsubishi.

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