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Projetos de biodiesel no Nordeste ganham fôlego

A possibilidade de fechar um contrato de fornecimento de biodiesel com a Inglaterra vai levar a Brasil Ecodiesel a ampliar o projeto de produção e plantio de mamona para biodiesel nos estados do Maranhão, Piauí e Ceará. De acordo com o novo projeto, a produção vai saltar de 180 mil litros por dia para 240 mil litros diários, para atender à demanda nacional e de contratos externos.

A área plantada de mamona, cujo projeto inicial previa 65 mil hectares nos três estados, vai saltar para 280 mil hectares. Os investimentos globais em refinaria e plantio devem somar cerca de R$ 50 milhões.

O projeto de produção de biodiesel no Maranhão será maior do que nos outros estados, em virtude das condições favoráveis do porto do Itaqui, em São Luís. A usina, a ser implantada nas proximidades do porto, vai produzir 120 mil litros de biodiesel por dia. O projeto inicial previa 60 mil litros/dia.

“A vantagem do Maranhão é a profundidade do porto do Itaqui, que permite receber navios de grande calado para escoar a produção”, diz o gerente Institucional da Brasil Ecodiesel, Arlindo Pereira Neto. A área de mamona a ser plantada também vai ser ampliada, saltando de 15 mil hectares para a 100 mil hectares.

Os primeiros plantios de mamona no Maranhão serão iniciados até o fim do mês, segundo Pereira. A meta é plantar dois mil hectares até o final do ano. O processo de implantação da refinaria no Maranhão também já está em andamento. Os técnicos da Secretaria de Indústria e Comércio trabalham na definição da área a ser utilizada pela fábrica. A construção está prevista para o final de janeiro.

A previsão é que a usina comece a produzir a partir de julho ou agosto. Nesta primeira fase, com custo estimado de R$ 8 milhões, serão produzidas 60 mil toneladas/dia. Com a expansão, prevista para segundo semestre de 2006, o custo total ficará em R$ 16 milhões.

No Piauí, o plantio de mamona foi iniciado em março. Há atualmente cinco mil hectares plantados. Com o novo projeto, a área plantada vai passar para 100 mil hectares no Piauí e 80 mil hectares no Ceará. O projeto inicial previa 25 mil hectares em cada um dos estados. Também está prevista a construção de refinarias nos dois estados.

O gerente da Brasil Ecodiesel adianta que, no futuro, vai haver necessidade de utilização de outras matérias-primas para alimentar a produção das refinarias. No Maranhão, por exemplo, os técnicos da empresa estudam a possibilidade de utilização do babaçu. “Existe uma demanda muito grande de biodiesel no Brasil e no mundo”, diz Pereira.

O projeto da Brasil Ecodiesel tem um cunho social de largo alcance. No Maranhão, o plantio de mamona vai ser incentivado também em áreas de assentamentos a serem indicadas pelo governo estadual. A proposta da Brasil Ecodiesel é promover a inclusão da agricultura familiar, que passa a receber pelo trabalho desenvolvido. Cada família deve receber R$ 250,00 por mês para fazer a capina da cultura e a colheita.

Cada refinaria vai gerar 60 empregos diretos (com produção de 60 mil litros/dia). Já o plantio de mamona vai envolver cinco mil famílias. “Além do pólo siderúrgico em São Luís e do gasoduto, a produção de biodiesel é um dos cinco projetos prioritários do governo estadual. Vai envolver milhares de famílias e agregar renda às famílias rurais”, diz o secretário de Estado de Articulação, Paulo Mury.

Além dos parceiros – pequenos agricultores no interior do Estado – a Brasil Ecodiesel vai trabalhar com plantios próprios em fazendas no Maranhão, Piauí e Ceará. O biodiesel, também chamado combustível verde, desperta cada vez mais o interesse da comunidade mundial. No Brasil, a Brasil Ecodiesel tem entre os futuros clientes a Petrobras e a Companhia Vale do Rio Doce.

kicker: Previsão de área plantada de mamona passa de 65 mil hectares para 280 mil hectares

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