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Produção industrial cresce só 0,6% e reduz esperanças de aceleração

A indústria iniciou o segundo semestre com crescimento discreto, reduzindo esperanças de expansão mais forte da economia a partir de julho. Os aumentos de 0,6% na produção em julho ante junho e de 3,2% ante igual mês de 2005 revelam uma trajetória de crescimento suave, na avaliação de Silvio Sales, chefe da coordenação de indústria do IBGE.

Julho ficou marcado pela influência negativa do câmbio na produção de bens duráveis (eletrodomésticos, celulares), bom desempenho de bens de capital e espalhamento maior do crescimento entre os setores investigados. Com a entrada do segundo semestre, houve maior espalhamento no crescimento (da produção), o que é significativo, disse Sales.

No ano, a produção cresceu 2,7%. Apesar do cenário de expansão, ainda que modesta, os dados foram recebidos com desânimo pelo setor. Para André Rebelo, gerente do Departamento de Pesquisas Econômicas da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o crescimento não é expressivo e não demonstra nenhuma possibilidade de retomada sustentável da atividade industrial neste ano.

O economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Edgard Pereira, vê um cenário de estagnação. Ele acredita que a produção terá recuperação no segundo semestre, mas será fraca e motivada por questões sazonais.

Rebelo sublinhou que o crescimento nas duas comparações ocorreu a partir de bases fracas – em junho, a produção industrial caiu 1,3% ante maio. Mas a expectativa para a segunda metade do ano é tradicionalmente mais favorável. Haverá crescimento aqui e ali, mas muito chocho. Não se trata de redenção da atividade produtiva, disse. Sem dúvida, os juros e o câmbio são responsáveis por esse comportamento.

DURÁVEIS

O crescimento das importações começa a prejudicar a produção de bens de consumo duráveis, que caiu 0,2% em julho ante junho e teve o menor crescimento (1,2%) entre as quatro categorias pesquisadas na comparação com julho de 2005.

Os principais impactos no baixo crescimento dessa categoria em julho ante igual mês de 2005 foram dos celulares, com queda de 12,4%, mobiliário (menos 7,9%) e pela brusca desaceleração no grupo de linha marrom (TV, vídeo), que passou de aumento de 27,9% no primeiro semestre para 0,7% em julho.

Para Sales, parte da demanda por bens duráveis pode estar sendo atendida por importados. Dados apresentados por ele mostram que a importação de bens de consumo duráveis cresceu 114,2% na média diária em julho ante igual mês de 2005.

Os bens de capital lideraram a produção em julho, com aumento de 1% ante junho e de 8,4% ante julho de 2005.

Mantega mantém aposta em alta de 4% do PIB

A despeito dos indicadoresmais fracos da produção industrial de julho, divulgados ontem pelo IBGE, e do ceticismo dos economistas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que ainda trabalha com a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4% este ano. Ele fez o comentário durante o anúncio do pacote para redução do spread bancário.

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