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Pró-álcool nordestino para atender ao mundo

Há, nos Estados Unidos, uma lei que prevê a adição de 5% de álcool anidro à gasolina, com o objetivo de reduzir a poluição. Somente para atingir esses 5% seriam necessários 28 bilhões de litros de álcool. Esse volume corresponde ao dobro da produção brasileira. A dificuldade é que o álcool produzido nos EUA é proveniente do milho, de alto custo.

Com a recente decisão da transposição do Rio São Francisco, o Brasil poderia ser a solução, implantando um Pró-Álcool para os EUA no Nordeste, o que criaria condições para o desenvolvimento regional. A Europa e a Ásia também estão de olho no nosso álcool. O mais difícil para desenvolver uma região é ter um produto com garantia de mercado, e isso o álcool já tem. É só produzir.

Circulam nos Estados Unidos mais de 150 milhões de automóveis, principais responsáveis pelo elevado grau de poluição nas grandes cidades. A questão ambiental preocupa os norte-americanos, que desejam ver reduzida a poluição através da adição de álcool à gasolina, a exemplo do que já se faz no Brasil há mais de duas décadas.

Os EUA criaram em 1993 lei para estimular a produção de álcool anidro, que não vingou porque a alternativa para produzir álcool é o milho, um cereal nobre. Embora a produção seja elevada (270 milhões de toneladas), é difícil reunir condições para produzir 28 bilhões de litros de álcool, apenas para adicionar os 5%.

A produção brasileira supera os 15 bilhões de litros. Para atender à necessidade americana seria preciso mais dobrar a produção. Por questões climáticas, os veículos não podem usar 100% de álcool, como no Brasil.

Pelo lado dos americanos, há um grande problema, de solução relativamente fácil. Diz respeito ao imposto de importação de US$ 0,13 por litro de álcool que entra nos EUA. Cabe ao governo brasileiro pleitear a eliminação desse imposto. Bastaria Lula dizer a Bush: “Temos a solução para a poluição automotiva de vocês. Bastaria a eliminação do imposto de importação”.

O governo brasileiro poderia ainda investir US$ 1 milhão em marketing para mostrar que o Brasil tem a solução. Considerando que o Nordeste brasileiro necessita especial atenção para ser desenvolvido; que já foi a região do “Ciclo da Cana-de-açúcar” no Brasil e portanto, adequada para o cultivo da cana, está próximo dos EUA, torna-se a região ideal para um projeto de produção de álcool anidro para ser misturado à gasolina nos EUA.

Os recursos financeiros poderiam vir do Banco Mundial. O plantio de cana seria feito com irrigação (via transposição do Rio São Francisco, cujo custo é de cerca de R$ 4 bilhões). O projeto não deveria favorecer o plantio em grandes áreas, para garantir o caráter social do programa.

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