Mercado

Preços dos combustíveis ajudam a desacelerar índices de inflação

Os dois principais indicadores de inflação divulgados ontem mostram arrefecimento nos preços. O índice de preços ao consumidor (IPC) na cidade de São Paulo, medido pela Fipe, passou de 0,19% em fevereiro para 0,12% março, o menor resultado desde julho de 2003. Já o índice geral de preços (IGP-DI), apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), cedeu de 1,08% para 0,93%.

A taxa do IGP-DI ficou dentro do consenso do mercado, segundo o economista Alexandre Santana, da administradora de recursos ARX. No primeiro trimestre, o IGP-DI acumula taxa de 2,84% e, em doze meses, de 4,94%. Os preços no atacado, calculados no Índice de Preços no Atacado (IPA), continuaram pressionando o índice, com variação de 1,09% contra 1,42% em fevereiro. Mas a boa notícia é que o IPA Industrial continuou desacelerando, tendo alcançado variação de 0,94% no mês, enquanto os agrícolas subiram 1,48%.

Santana destacou que a deflação de 3,95% nos preços dos combustíveis voltaram a atuar anulando a alta das matérias-primas. Os preços dos produtos ligados a metalurgia continuaram com variações respeitáveis de 4,03%. Ferro, aço e derivados subiram 3,75%. Este movimento de alta das commodities metálicas já informaram, porém, um certo arrefecimento, como destacou o economista da ARX.

Ele está visualizando também queda dos agrícolas para o próximo mês, pois a variação desses produtos, segundo sua análise, chegou ao ápice em março, quando as lavouras para exportação subiram 7,17% e os produtos animais e derivados, 1,10%. Cereais e grãos apresentaram deflação de 3,27%. O comportamento do IPC foi moderado, com aumento de 0,48%, confirmando um ritmo lento de repasse dos industriais e agrícolas. O INCC manteve variação acima variou 1,16% por conta de aumento do preço da mão-de-obra.

O economista da ARX acredita que a inflação dos IGPs deve ceder em abril para 0,7% do IGP-DI e 0,8% do IGP-M por conta trajetória de queda dos industriais e dos agrícolas no atacado. Em contrapartida, avalia que os índices de varejo como o IPCA poderão sofrer impacto da alta dos medicamentos. “Se a alta de 6% for aplicada totalmente o impacto sobre o IPCA de abril será de 0,45 pontos percentuais, com o índice variando no período 0,45%”, destacou. Para março, ele trabalha com um IPCA de 0,43%. O dado será divulgado amanhã pelo IBGE.

A alta dos remédios não interromperá o bom comportamento da inflação nos preços livres, analisa o economista, para quem o ambiente é favorável a um corte de 50 pontos na Selic, na reunião do Copom em abril.

Já o resultado apurado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) surpreendeu ao ficar bem abaixo das expectativas, que estavam ao redor de 0,25%. A desaceleração foi resultado, principalmente, da queda nos preços dos combustíveis, de alguns itens do grupo alimentação e do grupo educação, que compensou o acréscimo de 0,48% registrado entre os produtos industrializados, explicou o coordenador do índice, Paulo Picchetti.

O grupo transportes apresentou deflação de 0,41%, frente alta de 0,14% em fevereiro, favorecido pela deflação de 17,52% no preço do álcool e de 1,48% na gasolina. Os outros grupos que apresentaram desaceleração na comparação com fevereiro foram alimentação, com leve recuo para 0,10%, contra 0,12%, educação que passou de 0,29% para 0,03% em março; e habitação, de 0,34% para 0,27%.

Na ponta oposta ficaram despesas pessoais, com alta de 0,32% contra 0,09% e vestuário, que passou de uma deflação de 0,85% para uma taxa positiva de 0,10%. Para abril, a previsão da Fipe é de um IPC entre 0,15% e 0,20%.

O indicador de custo de vida (ICV) medido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), fechou março com alta de 0,47%, bem acima da inflação verificada em fevereiro (0,18%). Segundo Cornélia Nogueira Porto, coordenadora do índice, a taxa ficou acima das expectativas, mas não indica aumento geral de preços. Os grupos que mais pesaram no mês foram saúde (1,75%), habitação (0,91%) e alimentação (0,48%). Juntos, eles foram responsáveis por 0,57 ponto percentual.

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