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Preços do açúcar devem corrigir em novembro com a safra do Hemisfério Norte entrando em ritmo

Relatório da hEDGEpoint mostras as tendências para o mercado do alimento

Sacas de açúcar branco produzidas na Zilor (Crédito: Divulgação Zilor)
Sacas de açúcar branco produzidas na Zilor (Crédito: Divulgação Zilor)

Os fluxos comerciais do açúcar devem ser bastante confortáveis ​a partir do primeiro trimestre de 2023, prevê a hEDGEpoint Global Markets em relatório desta semana. “É claro, assumindo que o mercado internacional vai pagar para que o açúcar saia da Índia, ou seja, sendo a paridade de exportação indiana um piso para o açúcar bruto até que a nova safra do Centro Sul brasileiro se inicie”, observa a analista de Açúcar e Etanol da companhia, Lívea Coda.

A tendência baixista pode ganhar ainda mais força à medida que nos aproximamos do início da safra 2023/24 do Brasil em abril de 2023, de acordo com Lívea, especialmente considerando as boas perspectivas atuais. “Para que essa baixa se concretize, os preços do etanol e a política tributária devem permanecer inalterados, ou então o mix pode responder. Esses fatores estão alinhados com a atual estrutura futura do contrato de açúcar bruto – inversa”, disse.

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Os preços subiram desde a quebra da safra brasileira de 2021/22 e os preços do etanol e a paridade de exportação indiana continuam sendo os dois principais pisos, dependendo da época do ano. Atualmente, o setor se aproxima da entressafra brasileira e, portanto, da época do ano em que a participação do Hemisfério Norte nos fluxos de comércio global aumenta consideravelmente.

Tailândia e Índia são conhecidos por serem os principais atores da região. Recentemente, notícias sobre um atraso no início da safra indiana deram mais suporte aos preços do açúcar bruto. Como a paridade das exportações indianas em torno de 18c$/lb, há espaço para uma correção.

Escassez no mercado

Como para qualquer commodity, os preços do açúcar encontram sustentação em tempos de escassez. Desde que seu maior exportador, o Brasil, enfrentou severas adversidades climáticas em 2021 e, portanto, quebra de safra, os preços permaneceram acima de 17c$/lb. A princípio, a ausência brasileira nos fluxos comerciais começou a ser sentida com mais intensidade no início da safra 2021/22 do Hemisfério Norte (out-set).

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Assim, entre outubro de 2021 e março de 2022, os preços do açúcar bruto permaneceram sustentados pela paridade de exportação indiana em uma média de 19c$/lb, levando o país asiático a alterar sua sazonalidade de exportação e contribuição por tipo (qualidade de açúcar).

A menor disponibilidade de açúcar branco levou ao aumento de seu preço, que atingiu mais de 570$/t. É claro que outros fatores contribuíram para esse efeito, como o maior custo de refino.

Este último foi suportado pela evolução positiva do complexo energético, especialmente o gás natural, que é utilizado por muitas refinarias (principalmente na UE) como fonte primária de energia. Como resultado, ambas as qualidades acabaram encontrando sustentação: criou-se um processo inflacionário.

Esperava-se alívio

Com a safra brasileira 2022/23, esperava-se algum alívio. No entanto, o etanol encontrou respaldo no complexo energético e ofereceu o apoio adicional aos preços do adoçante. Durante abril e o final de junho de 2022, os preços do açúcar bruto ficaram em torno de 19,2c$/lb.

“A queda drástica do biocombustível, devido às mudanças no regime de impostos do governo, permitiu uma correção: de julho a setembro, os preços voltaram para a média de 18,2$/lb — note que ainda está acima dos anos em que o Brasil não apresentava problemas de disponibilidade”, lembra Coda.

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As notícias atuais sobre as chuvas que atrapalham a moagem de final de safra do Centro Sul e atrasam o início da safra da Índia deram outro fôlego ao adoçante e, desde o início do mês, sua média de preço subiu para 18,5$/lb.

“Quando podemos esperar uma correção? Como há açúcar para sair da Índia e da Tailândia, o atraso no início da safra Indiana pode arrastar o início da correção até novembro. No entanto, observe que podemos ter uma disponibilidade menor da Índia devido aos estoques pressionados”, pondera a analista da hEDGEpoint no relatório. Como o país asiático é o principal exportador nesta época do ano — junto com o Brasil — para obter fluxos comerciais confortáveis, o mercado internacional terá que pagar sua paridade de exportação.

“Atualmente a estimamos em torno de 18c$/lb, portanto, há espaço para correção. Por fim, com a expectativa de recuperação da nova safra brasileira 23/24, os fluxos comerciais ficarão ainda mais confortáveis ​e em linha com o superávit esperado para a safra 2022/23 (out-set). A partir de abril, portanto, pode haver mais pressão baixista, como já aponta a estrutura de spread futuro”, indica Coda.

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