Mercado

Preço dos combustíveis ficará mais "descolado" com auto-suficiência

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou, nesta 2a. feira (12/12), que os preços dos combustíveis no País podem se descolar das cotações internacionais depois que o Brasil atingir a auto-suficiência na produção de petróleo, prevista para o ano que vem. Segundo ele, a partir do momento em que a produção ultrapassar o consumo, a economia brasileira ficará independente das flutuações do mercado internacional de petróleo. Atualmente, os preços da gasolina e do diesel, teoricamente atrelados ao mercado internacional, já mantêm uma certa distância deste padrão, mais rigoroso em outros combustíveis, como querosene de aviação e nafta.

“A situação na economia brasileira ficará mais independente da situação do mercado internacional, tanto em termos físicos de fornecimento quanto em termos de preço. Portanto, podemos ter uma certa separação entre os preços brasileiros e internacionais”, afirmou o presidente da Petrobras, em entrevista após a assinatura dos contratos de construção da plataforma P-53, que será instalada no campo de Marlim Leste, na Bacia de Campos.

A variação dos preços internos segundo as cotações internacionais foi instituída logo após o fim do monopólio, em 1997, com o objetivo de atrair companhias privadas para o mercado brasileiro de petróleo. Em um primeiro momento, havia uma fórmula que usava como base uma cesta de produtos cotados no exterior. A partir de 2002, os preços foram liberados definitivamente. Naquele ano, por exemplo, o preço da gasolina foi alterado nove vezes – três aumentos e seis reduções.

Desde a campanha eleitoral de 2003, porém, a estatal adota maior cautela na hora de definir os preços dos combustíveis mais populares, principalmente, gasolina, diesel e gás de cozinha. Este ano, os dois primeiros tiveram apenas um reajuste, a despeito da escalada do preço do petróleo no mercado internacional. O gás de cozinha, por sua vez, está com o preço congelado desde 2003.

Gabrielli disse que a empresa ainda espera um novo nível para o preço do petróleo antes de definir se gasolina e diesel acompanharão a queda das cotações internacionais, que chegaram perto dos US$ 70 e hoje rondam os US$ 60. Na sua opinião, o preço do barril continuará “alto e volátil” em 2006. No ano que vem, a Petrobras instala a plataforma P-50 no campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos, garantindo um nível de produção acima do consumo interno até que outras unidades entrem em operação.

AUTO-SUFICIÊNCIA

A plataforma P-53, cujo contrato de construção foi assinado hoje, é mais um passo no esforço de manter a auto-suficiência no longo prazo, disse o executivo. Com capacidade para 180 mil barris por dia, a unidade deve começar a produzir petróleo no final de 2007, em Marlim Leste, campo com 450 milhões de barris em reservas. O casco da embarcação está sendo adaptado em Cingapura e o restante das obras será feito em Niterói (RJ) e Rio Grande (RS), gerando 4 mil empregos diretos, segundo estimativa da empresa.

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