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PIB do agronegócio caiu 0,24% no primeiro bimestre

Projeção feita pela CNA indica que os produtores não devem recuperar a renda em 2006. Os produtores rurais não esperam recuperar a renda em 2006. Os principais indicadores econômicos do setor, apurados pela da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Centro de Estudos Avançados de Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea), apontam para queda no faturamento. O PIB do agronegócio acumula queda de 0,24% no primeiro bimestre do ano. Só em fevereiro o indicador caiu 0,08%.

Pelas expectativas das instituições, o PIB do agronegócio, que envolve toda a cadeia do segmento, deve somar neste ano R$ 530,77 bilhões, um recuo de 1,28% sobre o montante do ano passado, de R$ 537 bilhões.

Segundo o assessor técnico da CNA, Getúlio Pernambuco, a redução do PIB do agronegócio ocorre pelo segundo ano consecutivo. A expectativa é que entre 2004 e 2006 o indicador registre queda de 5,9%. Ou seja, R$ 33,12 bilhões que os produtores deixem de faturar. “A dimensão da crise da agricultura, que deve permanecer em 2006, se expressa com a projeção de queda da renda do produtor rural em 2006”, disse Pernambuco.

Os técnicos da CNA responsabilizam o baixo dinamismo da agricultura à forte depreciação do dólar ante ao real, que faz com que os preços fiquem abaixo do custo de produção. “Nenhum setor econômico agüenta uma valorização cambial de 37%, como a que ocorreu nos últimos três anos, principalmente a agricultura, que vive das exportações”, disse o técnico de relações exteriores da CNA, Antônio Donizeti Beraldo.

“O maior custo de produção parte do óleo diesel que encarece a logística e reduz a competitividade da agricultura brasileira”, disse Pernambuco. “O preço do litro do óleo diesel na Argentina é de R$ 102, enquanto que no Brasil o custo é de R$ 1,8. No Brasil existe o monopólio da Petrobras, ao contrário do que ocorre com a Argentina”.

Os especialistas da CNA afirmaram ainda que as expectativas para o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP), que capta a receita bruta da pecuária e agricultura, indicam faturamento de R$ 171,3 bilhões, 2,2% menos que os R$ 175 bilhões registrados em 2005.

“A redução de faturamento da produção agropecuária ocorre pelo terceiro ano consecutivo, o que reduz a capacidade de o produtor saldar os compromissos financeiros no curto prazo. Os investimentos ficarão restritos a poucos produtos com bom faturamento”, disse Pernambuco.

No primeiro bimestre, o VBP acumula queda de 0,58%. As culturas que sinalizam os piores desempenho de renda são soja, cujo faturamento bruto deve cair 8,9%, saindo de R$ 26,665 bilhões, para 24,302 bilhões, arroz, com recuo de 29,8% para R$ 5,821 bilhões, algodão, com baixa de 33,1% para R$ 2,607 bilhões. A pior expectativa é para a uva, de redução de 58,1%, de R$ 2,01 bilhões, para R$ 843 milhões.

O faturamento do setor agrícola deve atingir neste ano R$ 102 bilhões, alta de 1,1%, puxado pelo crescimento de 13,7% da renda de cana-de-açúcar, para R$ 15,114 bilhões e laranja, de alta de 64,7%, para R$ 5,042 bilhões. Já o faturamento da pecuária deve somar R$ 68,566 bilhões, uma queda prevista de 6,8%. Todos os segmentos apontam para declínio, com exceção de ovos. Os principais impactos devem partir da carne bovina, com recuo de R$ 9,4%, para R$ 29,714 bilhões, dos suínos, com recuo de 11,6%, para R$ 6,45 milhões e leite, com baixa de 6,7%, para R$ 11,845 bilhões.

A CNA prevê redução do superávit da balança do agronegócio, para US$ 37 bilhões, ante os US$ 38 bilhões ano passado. As exportações devem cair para R$ 43 bilhões e as importações subirem de US$ 5,2 bilhões para US$ 38 bilhões.

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