Mercado

Petrobras planeja conter "estrangeiros" no álcool

A Petrobras tenta conter uma “invasão estrangeira” no mercado de etanol brasileiro e deve fazer isso por meio de aquisições nos próximos anos.

Além dos 40% da ETH, um negócio que pode chegar a R$ 3 bilhões, a empresa comprou neste ano 45,7% do capital da Açúcar Guarani, a quarta maior processadora de cana-de-açúcar do Brasil, por R$ 1,6 bilhão. A Guarani é controlada pelo grupo francês Tereos.

A luz vermelha acendeu tanto na Petrobras como no governo federal quando, no início deste ano, foi concretizada a parceria entre a Shell e a Cosan para a criação da líder mundial do setor, que é avaliada em aproximadamente US$ 12 bilhões.

A associação da petroleira anglo-holandesa com uma companhia brasileira marcou a entrada de uma multinacional petrolífera na área de etanol, um setor tradicionalmente verde e amarelo.

Além disso, a BP (British Petroleum) criou recentemente, em parceria com os grupos nacionais Maeda e Santelisa Vale, a Tropical Bioenergia.

SEM ETANOL

E a Petrobras, apesar de ter criado sua subsidiária para atuar em biocombustíveis em 2008 e de ter comprado uma usina de cana em dezembro passado por R$ 150 milhões, não produzia sequer um litro de etanol no país no começo deste ano.

O processo de desnacionalização na área de cana-de-açúcar já vinha acontecendo, contudo, há algum tempo.

Antes da Cosan, a americana Bunge havia comprado o grupo Moema, e as francesas Louis Dreyfus e Tereos adquiriram a Santa Elisa e a Açúcar Guarani, respectivamente, além de outras operações nas quais sempre o capital estrangeiro comprou participação nacional.

Para especialistas do setor sucroalcooleiro, a criação de uma grande empresa nacional para atuar na cadeia da cana-de-açúcar é essencial para desenvolver o potencial do álcool e para torná-lo uma commodity mundial, como deseja o governo.

CONSOLIDAÇÃO

Na opinião do diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, a Petrobras está atrasada nesse processo de consolidação do setor de biocombustíveis no Brasil.

O mercado vive um momento de consolidação, apesar de ainda ser fragmentado, com muitas empresas pequenas atuando.

Na visão dele, a Petrobras e a ETH possuem grandes sinergias, além de terem parcerias em outras áreas, como a petroquímica.

“No Brasil, até há pouco tempo as empresas do setor possuíam perfil familiar, e as usinas eram muitas vezes sediadas nas próprias fazendas”, afirma Pires.

“Hoje elas precisam se adequar às novas exigências do mercado de capitais para atrair investimentos”, completa ele.

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