Mercado

Petrobras avalia aquisições e parcerias

A Petrobras estuda parcerias e aquisições de usinas de biodiesel e etanol para garantir autonomia na produção de biocombustíveis no longo prazo. Na área de biodiesel, a estatal pretende comprar ou tornar-se sócia de uma usina no Brasil e avalia a construção de unidades na América Latina.

Mozart Schmitt Queiroz, gerente de desenvolvimento energético da Petrobras, afirmou ao Valor que a empresa pretende fechar o primeiro negócio com uma usina de biodiesel ainda neste ano. “Estamos analisando vários projetos”, disse ele.

Também há interesse, segundo o executivo, em formar sociedades com empresas do setor. Em princípio, estão na mira da Petrobras sociedades anônimas e sociedades de propósito específico (SPE). Entre as empresas com esse perfil e que já construíram usinas ou têm projetos em andamento estão Brasil Ecodiesel, Agropalma (Controlada pelo Banco Alfa), Granol, Barrálcool, Biocapital, Biodiesel Sul, BSBios e Oleoplan.

Como já foi anunciado, na área de agroenergia a estatal ainda espera concluir neste ano a instalação de três usinas de biodiesel – em Candeias (BA), Montes Claros (MG) e Quixadá (CE) – , cada uma com capacidade para 57 milhões de litros de combustíveis por ano. Os investimentos totais estão projetados em R$ 227 milhões.

A empresa também avalia a construção de usinas de biodiesel em outros países. “A Petrobras está presente em quase todos os países da América Latina que já exportam grãos ou etanol. A empresa vem sendo procurada pelos governos e pretende fazer investimentos, desde que os países também ofereçam incentivos fiscais”, disse Queiroz.

Ele observou que já há negociações para a instalação de uma usina na Argentina, mas ainda não há acordo fechado. Na Bolívia, conforme já foi anunciado, a empresa planeja construir uma usina de biodiesel em Santa Cruz de la Sierra. A capacidade de produção, diz, será definida conforme os benefícios fiscais que o governo boliviano oferecer. Queiroz afirmou que as negociações serão feitas levando sempre em consideração custos e perspectivas de rentabilidade.

Nessa estratégia de expansão, pesa o interesse em promover a expansão dos mercados internacionais biodiesel e etanol, para que eles se tornem commodities com mais liquidez e o Brasil possa elevar as exportações. De acordo com Queiroz, os clientes externos, principalmente europeus, ficam reticentes em importar biocombustíveis porque não querem ficar dependentes do Brasil, como hoje são dependentes da Opep no caso do petróleo e seus derivados.

No segmento de álcool, afirma, a Petrobras tem em análise diversos novos projetos, mas tudo ainda está em fase de estudos. Queiroz observa que atualmente a produção de etanol está muito concentrada em São Paulo, no Triângulo Mineiro e no Paraná. “A idéia seria trabalhar com usinas dessa região mais para atender ao mercado externo e pulverizar a oferta de etanol em outros Estados. Do ponto de vista logístico, o custo de distribuição é menor”.

A estatal estuda repetir o modelo adotado no Estado do Rio Grande do Sul com a Cooperativa Mista de Produção, Industrialização e Comercialização de Biocombustíveis do Brasil (Cooperbio). No fim de 2006, a Petrobras fechou contrato com a cooperativa para instalação de dez micro-destilarias de álcool, incorporando agricultores familiares no processo. A estatal também planeja construir 40 usinas, em parceria com a Mitsui, cuja produção será destinada ao Japão.

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